BRASIL: UM PORTO PARA ELISABETH BISHOP

SAMARA ALVES, NORBERTO PERKOSKI

Resumo


Este trabalho apresenta como referente um dos poetas que estão sendo estudados no grupo de pesquisa "Estudos Poéticos, no projeto Encontros com a Poesia - Literaturas de língua inglesa", que é coordenado pelo professor Dr. Norberto Perkoski. A poetisa escolhida para a elaboração deste trabalho é Elizabeth Bishop, norte-americana, nascida em Worcester, em 1911. Pretendemos enfocar a relação de Bishop com o Brasil, visto que, após a publicação de seu livro "Norte & Sul", em 1946, a poetisa começou a entrar em decadência, não conseguindo compor um número suficiente de poemas para um segundo livro. Acaba, então, perambulando de hotel em hotel em Nova Iorque e se entregando ao alcoolismo. Em 1951, a escritora decide embarcar em um navio e viajar ao redor da América do Sul. Bishop desembarca, inicialmente para uma visita rápida ao Rio de Janeiro, com intuito de visitar americanos radicados no país. Todavia a estada da poetisa no Brasil durou muito mais do que o esperado. Logo após a sua chegada, conhece Lota de Macedo Soares, paisagista e urbanista carioca e, juntamente com esta, Bishop adentra no meio cultural brasileiro, já que Lota era amiga de muitos escritores e artistas, sendo um deles o pintor Cândido Portinari, relação estabelecida quando estudou em seu ateliê. Devido ao seu relacionamento com Lota, Elizabeth se recupera da depressão e do alcoolismo e produz grande parte de sua obra poética aqui no Brasil. Então, para estudarmos a relação da poetisa com o nosso país, tendo como eixo norteador a fenomenologia bachelardiana, destacamos dois poemas. "Uma arte", um dos poemas mais famosos da poetisa, produzido na maturidade, tem estrutura formada por cinco tercetos e uma quadra e apenas duas rimas, gerando um recurso poético de importância vital. Nesse poema, como pondera o crítico Paulo Henriques Britto, Bishop, na quarta estrofe, faz referência à perda de três casas, duas delas no Brasil, uma em Petrópolis e outra em Ouro Preto. A repetição de "a arte de perder não é nenhum mistério" e "não é nada sério" pode ser compreendida como uma tentativa incessante de convencer-se de uma proposição que, como ela sabia muito bem, é claramente falsa. Outro poema que também utilizaremos como exemplo é "Cadela rosada", produzido em 1979, no qual a poetisa faz uma denúncia social, em virtude de as autoridades estarem livrando-se dos mendigos, jogando-os em canais. Bishop, após criticar o regime político vigente, conclui o poema, em tom irônico, fazendo referência a um refrão carnavalesco. Entretanto, não foram apenas nesses poemas que Elizabeth fez referência ao Brasil, há outros dedicados ao país, como "Chegada em Santos", "Manuelzinho", "O ribeirinho", "Santarém", "O banho de xampu", este último dedicado à Lota de Macedo. A relação de Elizabeth Bishop com o nosso país e com Lota foi tão intensa que, baseado na obra "Flores raras e banalíssimas", de Carmen Oliveira, o diretor Bruno Barreto produziu um filme, intitulado "Flores raras", lançado recentemente. A partir do exposto, concluímos que o Brasil foi de suma importância para Bishop, não só na vida pessoal, mas registrado em muitos dos trabalhos poéticos, considerados "clássicos modernos" da literatura americana.


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