A REDE DE ATENDIMENTOS DO RIO GRANDE DO SUL NO ENFRENTAMENTO À DROGADIÇÃO
Resumo
A pesquisa originou-se de um estudo internacional sobre Políticas e Práticas de Enfrentamento à Drogadição no Rio Grande do Sul/Brasil (2010 - 2013) que, a partir de um convênio da PUCRS com a Federação Internacional de Universidades Católicas - FIUC constituiu uma rede de investigação internacional que estuda drogadição. Atualmente, a pesquisa conta com a participação de duas faculdades (Serviço Social e Farmácia) que compõem o Programa de Apoio à Integração entre Áreas - PRAIAS. O trabalho tem como objetivo geral analisar as políticas de atenção e a rede de serviços aos usuários/dependentes químicos e suas famílias na área da saúde, assistência social, justiça e segurança pública, a fim de contribuir com o adensamento teórico que subsidie a qualificação da atenção ao uso problemático de substâncias psicoativas no estado. Apresenta os seguintes objetivos específicos: analisar as políticas e práticas que constituem a rede de atendimento aos usuários/dependentes químicos e suas famílias; mapear e caracterizar os serviços de atenção à drogadição nas áreas de prevenção, tratamento e redução de danos; averiguar como dialogam, constituindo-se em rede, para atendimento de famílias e usuários/dependentes químicos; construir indicadores para dimensionar os processos e resultados das iniciativas de enfrentamento à drogadição; verificar o alcance e a resolutividade dos programas e serviços, a partir da opinião de gestores, trabalhadores dos serviços, usuários/dependentes químicos e familiares; avaliar os processos e resultados das políticas e práticas de acordo com os indicadores construídos. A pesquisa é embasada no método dialético-crítico e caracteriza-se por ser uma pesquisa qualitativa que utiliza dados quantitativos complementares. O estudo possibilitou o mapeamento da rede de atenção aos usuários de drogas no RS, o que demonstrou disparidades regionais. Até o presente momento, participaram da pesquisa 33 instituições e foram entrevistados, com formulários semiestruturados: gestores, trabalhadores, usuários/dependentes químicos e familiares. Na análise parcial dos dados coletados, constatou-se que há histórico de dependência química na família, a maioria dos familiares entrevistados afirmou a existência de outros membros da família com a doença (pai, mãe e irmãos); os profissionais indicam a participação da família como fundamental para dar suporte ao usuário, colocando-a como pré-condição do tratamento do dependente. Foi referida, também, a necessidade de haver mais trocas sobre as experiências, vivenciadas entre os profissionais, como também a humanização das práticas e a busca ativa dos usuários e, ainda, uma qualificação no método de agendamentos das consultas e acesso aos serviços. Em relação à estrutura de atendimento e de recursos humanos, em sua grande maioria, foram apontadas como insuficientes para o volume da demanda dos dependentes químicos. Outra dificuldade é a rotatividade de profissionais nos pequenos municípios e dificuldades de capacitação na temática de dependência química (também dos monitores das comunidades terapêuticas), que impedem a qualificação da rede de atenção à drogadição. Na legislação, entretanto, não há estratégias específicas para estimular uma maior participação da família nesse processo. Os resultados obtidos até o presente momento indicam a necessidade de qualificar as ações intersetoriais já previstas nas políticas recentes de atendimento à drogadição.
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