AVALIAÇÃO DA GERAÇÃO DE BIOGÁS COM SUPLEMENTAÇÃO DE BORRA DE GLICERINA

DÉBORA TAIRINI RIETZKE, CEZAR AUGUSTO MACHADO, LUANA NICHEL, ODORICO KONRAD

Resumo


Fontes de energias renováveis e de biocombustíveis recebem cada vez mais atenção como substitutos dos combustíveis fósseis. No entanto, a sua implementação no mercado depende principalmente em tornar estas fontes mais competitivas. Uma opção para reduzir os custos dos biocombustíveis é utilizar os subprodutos como uma potencial fonte de energia em vez de tratá-los como resíduos de produção (KOLESÁROVÁ et al., 2011). Neste contexto, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas com o objetivo de resolver ou pelo menos amenizar a crescente crise energética, buscando a utilização de energias abundantes, baratas e limpas. Dentre estas, pode-se destacar aquelas originadas de fontes naturais, como a biomassa (GOLDEMBERG, 2008). O uso de biogás como fonte de energia renovável reduz a emissão não só dos gases de efeito estufa, como o metano e dióxido de carbono, mas também de óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos (KOMIYAMA et al., 2006). Resíduos da produção animal representam grande quantidade de biomassa e sua reciclagem é importante por aspectos econômicos e ambientais. Um dos processos de conversão energética da biomassa é a biodigestão anaeróbia, um processo natural de fermentação no qual microrganismos anaeróbios produzem o biogás, o qual possui, como composição típica, 60% de metano (CH4), 35% de dióxido de carbono (CO2) e 5% de uma mistura de hidrogênio, nitrogênio, amônia, ácido sulfídrico, monóxido de carbono, aminas voláteis e oxigênio (Souza et al., 2005; Coelho et al., 2006). Este trabalho teve como objetivo avaliar qualiquantativamente a geração de biogás a partir de "blend" composto por dejeto de aves poedeiras, resíduos de agroindústrias, lodos de estação de tratamento de efluentes e resíduos alimentares, e avaliar se a borra de glicerina possui potencial de suplementar a geração de biogás. A borra de glicerina é um subproduto da fabricação do sabão e é considerada uma fonte de carbono altamente reduzida e assimilável por bactérias e leveduras sob condições anaeróbias (NAVARRO; FILHO, 2012). Utilizou-se seis reatores com 600 mL de amostra e o percentual de borra utilizado foi de 4% em relação ao volume total de amostra, sendo que a dopagem foi realizada em cinco adições sequenciais. O experimento foi conduzido em duas triplicatas compostas por "blend", onde uma triplicata foi mantida como amostra controle, ou seja, sem adição de borra de glicerina e a outra triplicata recebeu a dopagem. Os reatores foram mantidos a temperatura de 37°C por meio de incubadora bacteriológica adaptada, conectadas a um sistema automatizado de medição de biogás baseado no deslocamento de fluidos e a avaliação qualitativa do biogás foi verificada diariamente a partir do percentual de CH4 presente no mesmo através de um sensor específico para a medição de CH4 em misturas gasosas, denominado Advanced Gasmitter, produzido pela empresa PRONOVA Analysentechnik GmbH & Co. As aplicações de borra de glicerina foram realizadas após perceber-se queda na produção de biogás, buscando, assim, incrementar os resultados no processo de geração de biogás. Os resultados demonstraram que a suplementação de borra de glicerina ao "blend" provocou um incremento de 282,92% na geração de biogás e de 251,46% na geração de metano, o que sugere que a borra de glicerina possui potencial de incrementar a geração de biogás, bem como o rendimento de metano.


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