Aromas e fragrâncias são extremamente importantes nas indústrias alimentícia, química, cosmética e farmacêutica. Atualmente observa-se a preferência de consumo de alimentos que contém, em sua formulação, ingredientes naturais em substituição aos aditivos químicos, o que faz com que esses produtos tenham apelo de mercado diferenciado. O termo bioaroma é utilizado para designar aromas obtidos por meio enzimático ou por fermentação microbiana. Uma forma de obter estes bioaromas é a partir de reações de biotransformação realizadas por enzimas altamente específicas a um determinado substrato, o que pode possibilitar o conhecimento da forma régio e estereosseletiva em que se processou a reação, sendo então possível conduzir reações que não seriam efetivas através de métodos químicos clássicos. Neste sentido, através de biotransformações pode-se obter novos produtos ou produzir produtos já conhecidos, mas com maior eficiência e controle estereoquimico. A biotransformação é um conjunto de reações realizadas por enzimas através de células ou fragmentos dentro de um sistema denominado xenobiótico. O metabolismo xenobiótico é assim chamado porque não faz parte da célula viva, posto que ela não se encontra dentro de um organismo natural. Os fungos filamentosos são muito utilizados em estudos de biotransformação de vários compostos, inclusive de terpenos, pois são micro-organismos simples e de crescimento rápido. Como exemplo de monoterpeno, destaca-se o 1-metil-4-isopropenilcicloex-1-eno (limoneno) que é geralmente separado do óleo essencial obtido no suco de laranja pela sua baixa solubilidade em água, alta tendência à autoxidação e polimerização e formação de "off-flavors", tornando-se um subproduto industrial adequado para bioconversões a compostos de alto valor comercial, sendo, então, utilizado como reagente de partida em diversas reações de biotransformação, com os mais variados sistemas enzimáticos, sendo possível a formação de diferentes compostos. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi realizar a biotransformação do R-(+)-limoneno através de fungos da espécie Aspergillus niger conduzida por cultivo em fase sólida. Para dar inicio à reação de biotransformação foi realizado o crescimento micelial da espécie fúngica de Aspergillus niger e preparada a biomassa fúngica em um meio contendo mandioca. Após 7 dias de crescimento foi dado o início à reação de biotransformação a partir do R-(+)-limoneno. A reação ocorreu durante 4 dias e após foi realizada a extração e identificação dos possíveis metabólitos formados através de cromatografia, onde verificou-se a biotransformação do R-(+)-limoneno em carvona. Conforme os resultados encontrados destaca-se que a espécie de fungo filamentoso estudada Aspergillus niger foi capaz de realizar a biotransformação do R-(+)-limoneno obtendo como produto a S-(-)-carvona através de cultivo em fase sólida.