ARMADILHAS DE MALAISE PARA AMOSTRAGEM DA ENTOMOFAUNA NO PLANTIO DE TABACO, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
Resumo
Os artrópodes surgiram há mais de 600 milhões de anos e atualmente representam 85% de todas as espécies descritas de animais. Dentre o filo Arthropoda, a classe Insecta constitui o maior e mais amplamente distribuído grupo. Além disso, os insetos representam o táxon que impacta diretamente nas mais diversas atividades humanas, como, por exemplo, na agricultura, de forma benéfica ou prejudicial, atuando como pragas agrícolas ou como agentes de controle biológico. Dessa forma, este estudo objetivou o uso de armadilhas do tipo Malaise no levantamento da Entomofauna em uma lavoura de Nicotiana tabacum L., avaliando sua distribuição espacial para auxiliar no manejo integrado de pragas dessa cultura. O material foi coletado no período de 06 de dezembro de 2013 a 30 de janeiro de 2014, em uma propriedade da Japan Tabacco Industry (JTI). As armadilhas foram instaladas em uma lavoura de manejo convencional e outra de manejo orgânico, bem como em uma área de bordadura adjacente, semeada com uma das três plantas forrageiras em cada parcela: Brassica napus L., Lupinus albus e Vicia sativa L. Na lavoura convencional, as armadilhas foram dispostas em uma linha, de fora para dentro, com quatro pontos de coleta (fora, borda, dentro e meio). Já na lavoura orgânica instalou-se duas linhas perpendiculares uma em relação a outra, com também quatro pontos de coleta. Na vegetação de bordadura adjacente foram definidos seis pontos para a instalação das armadilhas, um ponto em cada parcela de semeadura das plantas forrageiras. Ocorreram coletas semanais, no período de 06 de dezembro de 2013 a 30 de janeiro de 2014, sendo o material levado para o Laboratório de Zoologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) para triagem e identificação do material até o nível de ordem. Os indivíduos foram armazenados em vidros contendo álcool 70%, identificados com etiquetas, colocados em potes plásticos e tombados na Coleção Entomológica da UNISC (CESC). No total foram coletados 174.565 indivíduos. Os táxons de maior representatividade foram Coleoptera, com 88.385 indivíduos, seguido de Diptera, com 34.548 e Hymenoptera com 32.362. Dentro de Hymenoptera, a família Formicidae foi a mais frequente, com 26.408 exemplares, sendo os outros 5.954 indivíduos pertencentes a várias famílias, principalmente com caráter parasitoide, importante peça ecológica para os processos de controle biológico no plantio de tabaco. Constatou-se somente 8,98% no plantio com manejo convencional e 91,02% na lavoura orgânica e área de bordadura, devido à utilização de inseticidas. Percebe-se também a importância das áreas de bordadura com plantas forrageiras, uma vez que estas auxiliam no aumento da biodiversidade na lavoura, atraindo organismos benéficos para o cultivo. Conclui-se que a armadilha do tipo Malaise é muito eficaz para amostrar os espécimes encontrados na lavoura de tabaco, uma vez que a grande maioria, como coleópteros, dípteros e himenópteros, possuem capacidade de vôo. Assim, é possível quantificar os indivíduos e verificar sua distribuição espacial, auxiliando no manejo de espécies de interesse econômico e biológico no cultivo de tabaco.
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