ESPÉCIES DE APOCLEINAE (DIPTERA: ASILIDAE) NO PLANTIO DE TABACO NO RIO GRANDE DO SUL: NOVAS ALTERNATIVAS PARA UM CONTROLE BIOLÓGICO
Resumo
Os dípteros estão entre as quatro ordens de insetos com a maior representatividade entre os Hexapoda. Nesse grupo, Asilidae se destaca pelo elevado número de espécies, mais de 7.000 alocadas em 230 gêneros, estando presentes em todos os continentes, com exceção da Antártica. Os asilídeos possuem hábito predatório voraz, predando outros insetos e também pequenas aranhas, o que leva o grupo a ser conhecido popularmente como 223moscas-ladras224. São de grande importância para os ecossistemas, pois a atividade predatória realizada por esses animais, contribui na manutenção do equilíbrio das populações de insetos e pequenos aracnídeos. No entanto, o conhecimento sobre a taxonomia de Asilidae se encontra desatualizado e disperso. Além disso, por se tratarem de insetos predadores, apresentam uma importância prática para a agricultura, a qual até hoje foi muito pouco explorada. Sendo assim, este trabalho teve o objetivo de identificar as espécies de Apocleinae presentes em cultivos de tabaco no Rio Grande do Sul, a fim de verificar possíveis espécies com potencial para uso em programas de controle biológico. O material analisado já se encontrava tombado na Coleção Entomológica de Santa Cruz do Sul (CESC) e é proveniente de coletas realizadas com armadilhas Malaise em vários projetos conduzidos pelo Laboratório de Entomologia da UNISC em cultivos orgânicos e convencionais de tabaco, no período de 2007 a 2012. Primeiramente, foi realizada a triagem dos dípteros para a retirada dos asilídeos, os quais foram secados e montados em alfinetes entomológicos. Para identificação, utilizou-se microscópio estereoscópico e chaves específicas disponíveis na bibliografia. Um total de 263 indivíduos foi analisado, compreendendo seis gêneros, cinco espécies e seis morfo-espécies. Dentre as espécies encontradas, Nerax sp. teve o maior número de indivíduos (89), seguida por Lecania sp. 1, com 58; Mallophora bigoti L. Arribálzaga e Eichoichemus sp., com 49 e 30, respectivamente, e, por fim, Eichoichemos pyrromhystax e Eicherax macularis com 13 e 12. As demais espécies apresentaram apenas cinco espécimes ou menos. Indivíduos do gênero Eichoichemus foram coletados apenas nas regiões de Passa Sete e Canguçu, mas nenhum foi coletado em Santa Cruz do Sul. M. Bigoti, foi encontrada apenas na região de Santa Cruz do Sul, sendo que M. sylveirii Macquart, foi registrada em Canguçu. Isso demonstra a importância dos levantamentos locais, pois as espécies nativas com maior representatividade podem variar entre as regiões. Na literatura, as espécies de Eichoichemus, Lecania e Nerax são citadas como predadores de representantes de Coleoptera, Diptera e Hemiptera, sendo que entre coleópteros e hemípteros existem várias espécies nocivas ao tabaco e que causam grandes prejuízos à cultura. Apenas Mallophora parece possuir uma preferência por espécies de Hymenoptera em suas presas. Através destes estudos, verificamos que as espécies de Asilidae estão presentes na cultura de tabaco e em número expressivo e que a representatividade das espécies pode variar de uma região para outra. Por isso, é de extrema importância que se realizem estudos taxonômicos preliminares para se conhecer as espécies da fauna regional, a fim de utilizá-las como novas alternativas no Manejo Integrado de Pragas.
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