A TEMÁTICA DO AMOR E OS CAMINHOS LITERÁRIOS

LUANA GRASIELA SCHONARTH, EUNICE TEREZINHA PIAZZA GAI

Resumo


O presente estudo vincula-se ao projeto de pesquisa Narrativas e conhecimentos: especificidades teóricas e constituição de sentido, coordenado pela Prof.ª Dra. Eunice Terezinha Piazza Gai. O projeto tem como eixos centrais a reflexão sobre as possibilidades de relação entre narrativas literárias e conhecimentos, a realização de estudos sobre a hermenêutica e a leitura e a interpretação de narrativas literárias. O processo dessa pesquisa específica consiste na busca de materiais pertinentes aos eixos do projeto, no estudo dos diversos autores teóricos e na comparação destes, bem como na interpretação do texto ficcional, com ênfase nos casais amorosos envolvidos na trama. Considerando os caminhos cursados no desenvolvimento da pesquisa, utilizou-se o tema do amor romântico para refletir sobre os possíveis conhecimentos que o processo narrativo propicia, os aspectos históricos e sociais nos quais o tema do amor foi abordado na literatura, assim como um resgate de informações acerca das origens do tema e personagens consolidados nos romances românticos. A temática do amor, nos caminhos literários, possibilita inúmeros eixos de pesquisa: amores fervorosos, contrariados por rivalidades familiares, pelo descontentamento dos Deuses ou, até mesmo, pelo simples transcorrer do destino; amores idealizados, não correspondidos, roubados ou traídos; a poesia trovadoresca, o conflito entre a paixão e o casamento, a noção do amor e morte, as implicações religiosas do adultério e a noção de culpa diante dos impasses amorosos. O ideal do amor romântico irrompeu na sociedade ocidental durante a Idade Média, manifestando-se, pela primeira vez na literatura, no mito de Tristão e Isolda. Trata-se de um dos mitos mais comoventes, belos e trágicos de todos os grandes relatos épicos. Foi a primeira história da literatura Ocidental a lidar com o amor romântico e é a fonte da qual se originou toda a nossa literatura romântica. O mito apresenta a visão do amor cortês e tinha por modelo o audaz cavaleiro que honrava uma bela dama e fazia dela sua inspiração, o símbolo de toda beleza e perfeição, o ideal que o incentivava a ser nobre e espiritualizado. No decorrer da pesquisa, conciliou-se à análise das raízes amorosas na literatura, os estudos dos aspectos estruturais da narrativa. Verificamos, pois, que a narrativa amplia a vivência humana, tanto na vida pessoal quanto nas relações sociais, oportunizando a formação e a transformação do sujeito em alguém que analisa a si e o que acontece ao seu redor. A narrativa é a possibilidade mais humana de interação, pois leva em conta o processo interpretativo, ou seja, a possibilidade de conseguir ter outras visões sobre uma determinada situação: ao se ver imerso no enredo, o leitor poderá se posicionar em relação aos personagens, interpretando seu comportamento e a relação destes no processo narrativo. Além disso, quem lê tem sempre a oportunidade de voltar ao texto, porque ele não muda; o que muda é o posicionamento do leitor perante o texto. Diante das interfaces do amor e da análise do processo narrativo, adotamos autores como Denis de Rougemont, Gerard Lebrun e Eduardo Marcondes 226 estudiosos do fenômeno amoroso 226, e Palmer, Foster, Luiz Costa Lima, Bosi e Larrosa 226 teóricos direcionados aos processos narrativos 226, autores estes que retratam os fenômenos amorosos em diferentes perspectivas, conduzindo à psicanálise, delimitando o discurso do amor no Ocidente e na sua mais idealizada forma de ama: um amor paixão.


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