PESQUISA E EXTENSÃO: INTEGRANDO SABER E CUIDADO NO ÂMBITO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA.

GIORGIA REIS SALDANHA, BRUNA ROCHA DE ARAÚJO, EMANUELI PALUDO, EDNA LINHARES GARCIA

Resumo


O uso extremo de drogas por parte de crianças e adolescentes tem convocado diariamente a sociedade a testemunhar a complexidade de tal fenômeno, bem como, tem exigido problematizações de discursos e de práticas, de modo que possamos lançar novos olhares sobre a dinâmica estabelecida entre sujeito, família, drogas e sociedade. Este trabalho é um recorte da pesquisa A realidade do crack em Santa Cruz do Sul, realizada por docentes e discentes da Universidade de Santa Cruz do Sul, privilegiando a reflexão sobre práticas extensionistas que integram saber e cuidado, a partir das análises de dados da pesquisa que alcançou 100 usuários de crack e 100 familiares de usuários. De caráter qualitativo e quantitativo, a pesquisa utiliza a metodologia de análise dos sentidos produzidos no cotidiano para reflexões e problematizações dos discursos produzidos ao longo das entrevistas. Constata-se, no decorrer das discussões sobre os dados, que o uso de drogas incide e produz efeitos sobre sujeitos em pleno processo de constituição e desenvolvimento de sua subjetividade, colocando a família e suas relações (escola, trabalho, comunidade, entre outras) em questão e exigindo intervenções sustentadas em reflexões críticas, de caráter político e ético. Diante disso, elaboramos e implementamos práticas extensionistas que objetivam promover e proteger a saúde desses sujeitos que de alguma forma estão envolvidos com esta problemática. As atividades são desenvolvidas na Universidade de Santa Cruz do Sul através do Fórum de Discussão sobre Drogas na Contemporaneidade, que se constitui como um momento para ações no âmbito da prevenção do uso de drogas e promoção da saúde dirigida aos estudantes (crianças e adolescentes) da rede de ensino municipal e estadual da região. Na perspectiva de estender os objetivos do Fórum, são realizadas intervenções nas escolas através de uma metodologia organizada pelo grupo de pesquisa que se mostrou potente para discussão da temática no âmbito escolar. Deste modo propõe-se três momentos: primeiro com crianças de séries iniciais, o segundo com adolescentes do ensino fundamental, e o terceiro para pais e professores. A metodologia utilizada para provocar discussões sobre o tema se dá por meio de rodas de conversa para que o direito a palavra circule entre os participantes, a fim de evitar a verticalização das relações. Os temas disparadores para as rodas de conversa foram construídos a partir dos dados da pesquisa que em análise evidenciam a falta de diálogo em família em torno da questão das drogas. Criou-se espaços onde a prática de pesquisa sustentou encontros onde perguntas escritas pelas crianças e adolescentes foram repassadas aos pais, anonimamente, convidando os pais a produzirem coletivamente respostas aos questionamentos, promovendo encontros que possibilitem o diálogo entre familiares sobre drogas. A intenção desta proposta é a articulação dos saberes, por meio de ações que problematizem a temática, refletindo sobre aspectos da contemporaneidade, na direção de compreender as diversas dimensões que compõem o uso do crack e de outras drogas. Neste contexto, fica evidente que o ensino-pesquisa-extensão é um exercício de indissociabilidade, pois destaca a noção de conhecimento, visto como uma instância efetiva para a construção de saberes consciente e sujeitos críticos da realidade através da prática investigativa e do trabalho da extensão.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.