COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DE ENSAIO COMETA USANDO SANGUE TOTAL E LINFÓCITOS EM PACIENTES PORTADORES DE DPOC

DAIANA NUNES DA ROSA, ANDREIA ROSANE DE MOURA VALIM, AUGUSTO FERREIRA WEBER, MARIBEL JOSIMARA BRESCIANI, LIA GONCALVES POSSUELO, ANDREA LUCIA GONÇALVES DA SILVA

Resumo


O Ensaio Cometa (EC) é considerado uma importante ferramenta de avaliação do dano no DNA em populações expostas a mutagênicos e carcinogênicos. A sensibilidade do EC pode ser um importante passo para os estudos de biomonitoramento, onde modificações experimentais e diferenças laboratoriais e técnicas podem alterar o nível de dano no DNA de forma relevante. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), decorrente de uma resposta inflamatória anormal dos pulmões, pode causar danos a todos os tipos de biomoléculas, provocando inclusive lesões no DNA que, quando não é corretamente reparada, pode iniciar e promover a carcinogênese. O objetivo de nossa pesquisa é comparar as diferenças nos resultados da análise de dano no DNA com sangue total e com linfócito em portadores de DPOC. Quanto à metodologia, o estudo é transversal, realizado com dois diferentes tipos de amostras biológicas (sangue total (ST) e linfócitos) de 84 portadores de DPOC que compõem o biorrepositório do Grupo de Pesquisa "Reabilitação em SaÚde e suas Interfaces UNISC/CNPq". Após o levantamento dos dados epidemiológicos junto ao banco de dados da pesquisa, foi realizada a separação do material biológico no Laboratório de Genética da UNISC para a composição dos grupos que seriam estudados: Grupo Sangue Total (GST) e Grupo Linfócitos (GL). O ST e linfócitos estavam armazenados em microtubos com 100uL de Ficoll a -80Cº. O EC foi realizado na versão alcalina (pH-13), que identifica quebras simples, duplas e sítios álcali lábeis. A coloração do EC foi feita com nitrato de prata e as lâminas foram analisadas por microscopia óptica convencional, 100 células em duplicata, para o cálculo do Índice de Dano (ID). O ST foi utilizado de 51 pacientes [GST, n=51 (61%)] e os linfócitos extraídos do sangue total de 33 pacientes [GL, n=33 (39%)]. Apesar do n amostral diferente, ambos os grupos apresentavam características clínicas semelhantes, como maior frequência do sexo masculino [GST, n=30 (58,8%); GL, n=20 (60,6%)], idade adulta (GST=65,33±8,91; GL= 64,42±7,39 anos), caucasianos [GST, n=45 (88,2%); GL, n=28 (84,8%)], baixa renda [Até 02 salários mínimos: GST, n=34 (66,7%); GL, n=24 (72,7%)], baixa escolaridade [Ensino Fundamental Incompleto: GST, n=31 (60,8%); GL, n=25 (75,8%)], presença de comorbidades em ambos os grupos [GST, n=36 (71%); GL, n=20 (61%)] e Índice de Massa Corporal variando entre magreza e obesidade (GST=25,7±5,7 Kg/m²; GL=24,9±4,6 Kg/m²). Referente ao tabagismo, em ambos os grupos, observou-se predomínio de sujeitos ex-fumantes [GST, n=34 (66,7%); GL, n=28 (84,4%)] com elevado tempo de tabagismo (GST=37±12,98 vs GL=39,09±9,18 anos, p<0,01). Apesar do emparelhamento da amostragem, o ID no DNA foi significativamente maior no ensaio cometa realizado com linfócitos, quando comparados ao EC realizado com ST [GL=167(0-353) vs GST=33(7-105), p≤0,01].Existem diferenças significativas com relação ao uso de sangue periférico total ou linfócitos para a realização do Ensaio Cometa sobre o desfecho final de detecção de danos no DNA em portadores de DPOC. Há necessidade de melhor padronização das técnicas utilizadas e maior controle das variações laboratoriais rotineiras.


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