IMPLANTAÇÃO DA CRIAÇÃO DE EPHESTIA KUEHNIELLA (LEPIDOPTERA: PYRALIDAE) E DO SEU PARASITOIDE HABROBRACON HEBETOR (HYMENOPTERA: BRACONIDAE) NA UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL, RS

EMANUELA SOMAVILLA , CLEDER PEZZINI , VINICIUS FERREIRA, ANDREAS KOHLER

Resumo


Estimativas atuais indicam que os himenópteros parasitoides podem constituir de 10 a 20% do total de insetos, possuindo um grande valor econômico e o maior nÚmero de espécies da ordem Hymenoptera, podendo parasitar diferentes fases do desenvolvimento dos hospedeiros (ovos, larvas, pupas ou adultos). Habrobracon hebetor Say 1836 é um ectoparasitoide larval de várias espécies de lepidópteros da família Pyralidae, entre elas, a traça Ephestia kuehniella Zeller 1879 que ataca produtos armazenados, entre eles, o tabaco. Deste modo, o objetivo foi implantar, na Universidade de Santa Cruz do Sul, a criação desse parasitoide, com intuito de buscar uma nova alternativa para efetuar o controle biológico, bem como realizar estudos da biologia desses organismos em condições de laboratório na UNISC. Os ovos utilizados para implantar a criação de E. kuehniella foram oriundos do Centro de Pesquisa em Florestas da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO), e o parasitoide foi atraído naturalmente pelo "frass" das larvas no Último instar de E. kuehniella da primeira geração, criada no próprio laboratório, implantando-se sua criação. As larvas de E. kuehniella são criadas em dietas de farinha de trigo enriquecidas com levedo de cerveja (3%), distribuídas no interior de potes plásticos. Ao observar a emergência dos primeiros adultos (cerca de 40 dias), inicia-se a coleta dos insetos diariamente, realizada por intermédio de um aspirador de pó adaptado. Após a remoção dos insetos, estes são transferidos para gaiolas de postura, a partir da qual é iniciada a coleta de ovos no dia seguinte. Os ovos obtidos passam por uma peneira para remoção de resíduos, tais como escamas e pernas dos insetos, sendo uma parte destinada à criação e manutenção de E. kuehniella e, outra, utilizada para produzir larvas para o parasitismo. Quando as larvas têm cerca de 30 dias, elas são oferecidas aos parasitoides. Depois de aproximadamente 13 dias, emergem os primeiros parasitoides adultos, os quais são coletados diariamente, por intermédio de um aspirador de pó adaptado, como na coleta dos adultos de E. kuehniella, e são transferidos para novos potes com larvas ainda não parasitadas, mantendo a criação do parasitoide. Após 10 meses da implantação, já foram produzidas 6 gerações de E. kuehniella, tendo em vista que a média é de 7 gerações ao ano. Com a disponibilidade em grande escala do hospedeiro, já foram possíveis realizar diversos estudos sobre a biologia do parasitoide, entre esses trabalhos estão atividades de parasitismo em relação a idade de H. hebetor e capacidade de parasitismo de acordo com a densidade de hospedeiros, que são utilizados para avaliar parâmetros biológicos, tais como razão sexual da prole e taxa de parasitismo ao longo da vida da fêmea. A liberação desses inimigos naturais pode melhorar a eficiência do controle biológico contra insetos pragas em produtos armazenados. Com isso, a realização e divulgação de novas técnicas de criação massal de insetos benéficos torna-se fundamental para implementação de programas de controle biológico em áreas de agricultura de base ecológica e em processo de transição agroecológica.


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