O câncer de pulmão não era considerado uma doença comum até o início do século XX. Desde então, sua ocorrência aumentou rapidamente e essa neoplasia tornou-se a mais frequente na população mundial, bem como a causa mais importante de morte por câncer no mundo. Foi somente na década de 1950 que a literatura, pela primeira vez, demonstrou que o câncer de pulmão estava ligado de forma próxima ao tabagismo. Tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão, quando comparados aos não fumantes. Por este tipo de câncer ser geralmente detectado em estágios avançados, uma vez que não é comum a sintomatologia nos estágios iniciais da doença, o câncer de pulmão continua sendo uma doença altamente letal. Com relação ao sexo, os homens apresentam maiores taxas de incidência do que as mulheres. Não considerando os tumores de pele não melanoma, o câncer de pulmão em homens é o segundo mais frequente na região Sul (33,62/100 mil) e, em mulheres, é o terceiro mais frequente (21,35/100 mil). O objetivo de nossa pesquisa é avaliar os dados epidemiológicos e clínicos dos portadores de câncer de pulmão que participam de pesquisas na região do Vale do Rio Pardo do Estado do Rio Grande do Sul. Quanto aos métodos, oestudo é retrospectivo, do tipo caso-controle, junto ao banco de dados do projeto de pesquisa "Dano, Reparação e Susceptibilidade em Doenças Pulmonares" da Universidade de Santa Cruz do Sul. Foram incluídos 37 portadores de câncer de pulmão e 20 sujeitos controles (com função pulmonar preservada) emparelhados em sexo, idade e etnia. Com os casos, realizou-se analises de variáveis dos dados sóciodemográficos e clínicos dos pacientes.Os portadores de câncer de pulmão tinham idade média de 64,89 ± 6,55 anos, predominância do sexo masculino (n=27) e da etnia caucasiana (n=30). Houve predominância de baixa escolaridade (ensino fundamental=26, não alfabetizados=6) e baixa renda familiar (n=27). Foi encontrado alto índice de comorbidades nos portadores de câncer de pulmão (n=25) e a história tabágica caracterizou-se em "nunca fumou" (n=2), "ex-fumantes" (n=29) e "fumantes" (n=6). Com relação ao tempo do consumo tabágico, foi constatado um elevado nÚmero de pacientes (n=21) que fumam por mais de 30 anos.Até o momento, analisando os dados epidemiológicos e clínicos dos portadores de câncer de pulmão desta pesquisa, podemos concluir que os mesmos vão ao encontro da literatura no que se refere à faixa etária e predominância do sexo masculino. A carga tabágica elevada é um grande fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão, estando relacionada à baixa renda e pouca escolaridade.