EPIDEMIOLOGIA DA TUBERCULOSE DE POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE EM PRESÍDIOS DO RIO GRANDE DO SUL

THAIS EVELYN KARNOPP, ANA JULIA REIS, AUGUSTO FERREIRA WEBER, LUCIANA DE SOUZA NUNES, LIA GONCALVES POSSUELO, ANDREIA ROSANE DE MOURA VALIM

Resumo


A Tuberculose (TB) é uma das causas mais importantes de morbi-mortalidade no mundo e continua sendo um problema negligenciado nos países em desenvolvimento. O nÚmero de casos de tuberculose em presídios é comumente maior (4 a 180 vezes) quando comparado aos da população em geral. Assim, a População Privada de Liberdade (PPL) é considerada como um dos grupos mais suscetíveis à infecção pela Mycobacterium tuberculosis, principalmente pela superlotação e falta de condições sanitárias. Neste sentido, objetivou-se avaliar as características clínicas e epidemiológicas da PPL com tuberculose. Para a metodologia, realizou-se um estudo transversal retrospectivo descritivo com pacientes diagnosticados com tuberculose em unidades penitenciárias do Estado do Rio Grande do Sul (RS). Foram avaliados dados clínicos e epidemiológicos de pacientes atendidos no período de 2011 a 2014. A coleta das informações foi realizada no banco de dados do laboratório responsável pela realização dos exames de baciloscopia e cultura para M. tuberculosis. Os dados avaliados foram presença de tratamentos prévios para TB, positividade para HIV, resultado de baciloscopia, cultura, teste de sensibilidade e idade do portador de TB. No período do estudo, foram diagnosticados 471 pacientes com tuberculose entre a PPL do RS, apresentando média de idade de 34,28±9,51, sendo 2013 o ano com maior nÚmero de casos diagnosticados (44,6%). Além disso, foi observado que 32,5% tinham tratamento anterior para TB, 4,9% eram HIV positivo, no entanto, cabe salientar que 89,9% dos pacientes não possuíam esta informação no banco de dados. Considerando o diagnóstico, foi observado, através do banco de dados, que 58,2% foram positivos na baciloscopia e 100% foram positivos na cultura, observando um aumento de 41,8% no diagnóstico. Quando avaliada a carga bacilar, 15,9% tiveram elevada carga observada pela baciloscopia (+++), o que indica mais de 10 bacilos por campo nos primeiros 20 campos. 78,3% possuíam teste de sensibilidade e destes 52 (11%) foram resistentes a, pelo menos, um dos antibióticos. Foram identificadas altas prevalências da doença, sendo a maior em 2013, com 677 casos/100.000 habitantes, seguida de 545 casos/100.000 habitantes em 2014.Verificou-se uma alta taxa de casos de resistência aos medicamentos, bem como de pacientes com tratamento prévio para tuberculose, que pode estar relacionado com o tratamento inadequado ou a interrupção do mesmo. Pode-se verificar que o nÚmero de casos de TB em unidades prisionais mostra-se bastante elevado, com indivíduos cuja média de idade é aquela definida como economicamente ativa. Devido ao alto incremento da sensibilidade para o diagnóstico de TB através da realização de cultura, evidencia-se a necessidade de sua realização, visto que esta apresenta uma maior sensibilidade no diagnóstico da doença.


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