EPIDEMIOLOGIA DA TUBERCULOSE DE POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE EM PRESÍDIOS DO RIO GRANDE DO SUL
Resumo
A Tuberculose (TB) é uma das causas mais importantes de morbi-mortalidade no mundo e continua sendo um problema negligenciado nos países em desenvolvimento. O nÚmero de casos de tuberculose em presídios é comumente maior (4 a 180 vezes) quando comparado aos da população em geral. Assim, a População Privada de Liberdade (PPL) é considerada como um dos grupos mais suscetíveis à infecção pela Mycobacterium tuberculosis, principalmente pela superlotação e falta de condições sanitárias. Neste sentido, objetivou-se avaliar as características clínicas e epidemiológicas da PPL com tuberculose. Para a metodologia, realizou-se um estudo transversal retrospectivo descritivo com pacientes diagnosticados com tuberculose em unidades penitenciárias do Estado do Rio Grande do Sul (RS). Foram avaliados dados clínicos e epidemiológicos de pacientes atendidos no período de 2011 a 2014. A coleta das informações foi realizada no banco de dados do laboratório responsável pela realização dos exames de baciloscopia e cultura para M. tuberculosis. Os dados avaliados foram presença de tratamentos prévios para TB, positividade para HIV, resultado de baciloscopia, cultura, teste de sensibilidade e idade do portador de TB. No período do estudo, foram diagnosticados 471 pacientes com tuberculose entre a PPL do RS, apresentando média de idade de 34,28±9,51, sendo 2013 o ano com maior nÚmero de casos diagnosticados (44,6%). Além disso, foi observado que 32,5% tinham tratamento anterior para TB, 4,9% eram HIV positivo, no entanto, cabe salientar que 89,9% dos pacientes não possuíam esta informação no banco de dados. Considerando o diagnóstico, foi observado, através do banco de dados, que 58,2% foram positivos na baciloscopia e 100% foram positivos na cultura, observando um aumento de 41,8% no diagnóstico. Quando avaliada a carga bacilar, 15,9% tiveram elevada carga observada pela baciloscopia (+++), o que indica mais de 10 bacilos por campo nos primeiros 20 campos. 78,3% possuíam teste de sensibilidade e destes 52 (11%) foram resistentes a, pelo menos, um dos antibióticos. Foram identificadas altas prevalências da doença, sendo a maior em 2013, com 677 casos/100.000 habitantes, seguida de 545 casos/100.000 habitantes em 2014.Verificou-se uma alta taxa de casos de resistência aos medicamentos, bem como de pacientes com tratamento prévio para tuberculose, que pode estar relacionado com o tratamento inadequado ou a interrupção do mesmo. Pode-se verificar que o nÚmero de casos de TB em unidades prisionais mostra-se bastante elevado, com indivíduos cuja média de idade é aquela definida como economicamente ativa. Devido ao alto incremento da sensibilidade para o diagnóstico de TB através da realização de cultura, evidencia-se a necessidade de sua realização, visto que esta apresenta uma maior sensibilidade no diagnóstico da doença.
Apontamentos
- Não há apontamentos.