LEVANTAMENTO FLORÍSTICO EM ÁREA DE ATERRO INDUSTRIAL EM REGENERAÇÃO NATURAL EM SANTA CRUZ DO SUL - RS, BRASIL
Resumo
As áreas em estágio inicial de regeneração têm uma grande importância ecológica, em especial em áreas urbanas, onde é reconhecida a sua influência no oferecimento de serviços ambientais à população de seu entorno. A relevância dessa vegetação está ligada à manutenção da biodiversidade que inicia o estabelecimento da sucessão vegetal e, por conseguinte, da sequência de organismos a ela associados. A sucessão é um processo que ocorre em etapas, após acontecer a total desocupação da área, começa a se estabelecer de forma natural as primeiras espécies vegetais, chamadas de Pioneiras. Depois estas vão dando condições para que espécies chamadas de Secundárias se desenvolvam e que, por sua vez, são melhores competidoras que as Pioneiras. O processo irá se estabilizar na terceira etapa, com o clímax, que seria a diminuição da ocorrência de novas espécies e concorrências. Levantamentos florísticos são fundamentais para conhecer como ocorre a regeneração natural e para planejar melhor atividades de aceleração da colonização de áreas degradadas. Visando contribuir com estes dados, buscou-se estudar a diversidade florística em área reservada a estudos técnicos da empresa Souza Cruz na região do distrito industrial no município de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. A área apresenta cerca de 100 hectares de preservação permanente dos quais dois receberam material bota-fora e encontram-se abandonados há cerca de 25 anos. Os levantamentos iniciaram em 2000, mas os dados aqui apresentados foram gerados a partir de coletas realizadas em 2014 e 2015. Para o estudo, foram fixados 17 pontos subdivididos em 2 quadrantes (34 quadrantes) de 5x5 m em diferentes níveis do aterro. A ocorrência de espécies vegetais foi avaliada a partir do estudo florístico (método por caminhamento). Foram identificados no levantamento florístico 196 táxons, distribuídos em 56 famílias botânicas, destes 102 até nível de espécie, 56 até nível de gênero, 38 até nível de família. Entre as espécies identificadas, as ervas são as mais abundantes com 48 espécies (2 exóticas), seguidas pelas árvores com 28 espécies (3 exóticas), os arbustos com 14 espécies e as lianas com 12 espécies (1 exótica). A família mais numerosa é a Asteraceae 20,4% (40 espécies), seguida pela Poaceae 15,3% (30 espécies), Fabaceae 5,1% (10 espécies), Apiaceae 4,6% (9 espécies), Malvaceae, Myrtaceae e Solanaceae 3,6% (7 espécies) e Verbenaceae 3% (6 espécies), o restante das 48 famílias possuem menos de 5 espécies 40,8% (80 indivíduos). As espécies Achyrocline satureioides (Macela), Solidago chilensis (Arnica), Centella asiatica (Centela), Baccharis trimera (Carqueja) são importantes para a população em seu entorno por serem utilizadas como ervas medicinais. Luehea divaricata, Allophyllus edulis e Nectandra spp. foram as árvores com maior frequência, nÚmero de indivíduos e densidade, mas espécies invasoras como Hovenia dulcis já aparecem dominando certas parcelas, indicando necessidade de acompanhamento e manejo nessas áreas.
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