TRUE DETECTIVE: OS NÍVEIS NARRATIVOS E A REPRESENTAÇÃO DO TEMPO
Resumo
Este artigo discute os diferentes níveis narrativos presentes na narrativa audiovisual True Detective, série americana produzida pelo canal de televisão HBO, no ano de 2014, ganhadora de premiações, como o Emmy de melhor direção e design. Na série, as mudanças de cenários e as alterações provocadas nos diferentes níveis narrativos são marcadas pela ambientação temporal da narrativa, que se passa em três momentos distintos: nos anos de 1995, 2002 e 2012. Neste sentido, busca-se observar de que maneira a narrativa da série True Detective estabelece diferentes níveis narrativos (Genette: 1972) nestas três épocas em que os detetives Martin Hart e Rustin Cohle, interpretados por Woody Harrelson e Matthew McConaughey respectivamente, buscam um suposto serial killer, responsável por crimes com elementos religiosos e ocultistas. Em razão disso, a narrativa sobre os acontecimentos de uma determinada época acaba subordinada ao nível narrativo em que se encontram os eventos de outra, de forma que estas mudanças temporais, aos moldes do que trata Genette (2008), se estabelecem por meio também do cenário, que caracterizam uma sinalização sobre o nível da narrativa com o narratário. As cenas de crime, trazidas a partir de flashbacks nos diferentes tempos, repetem um padrão de elementos em comum, com referências a figuras mitológicas a partir das quais os detetives seguem os rastros das investigações e, em uma abordagem policial, matam os supostos responsáveis pelas mortes. Como metodologia de pesquisa fez-se a análise e a observação da primeira temporada da série, composta por oito episódios. A partir disso, foi selecionado como objeto o primeiro episódio da primeira temporada, em função da apresentação do enredo e da frequência de aparecimento dos diferentes níveis narrativos, bem como das consequentes mudanças de ambiente cênico e temporal. Podemos ressaltar como resultados preliminares desta pesquisa que está em andamento a descoberta de um padrão de repetição empregado para a transição entre os diferentes níveis narrativos presentes na série que altera elementos do ambiente e dos próprios personagens durante o enredo. Na medida em que os detetives fazem o recorte da história, a partir de suas memórias dos acontecimentos passados, o telespectador é convidado a participar da narrativa, suavizando a quebra de tempo entre os diferentes momentos em que as investigações se passam. Essa característica denota a criação temporal e cênica dos ambientes dos diferentes níveis narrativos da diegese, fazendo também com que o narratário saiba em que nível e em que tempo se encontra.
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