COLONIZAR NÃO É SOMENTE POVOAR O SOLO: O PRR E A POLÍTICA DE COLONIZAÇÃO COM IMIGRANTES NA REPÚBLICA VELHA NO RS

TAUANE SCHROEDER, OLGARIO PAULO VOGT

Resumo


A RepÚblica Velha (1889-1930) constitui um período particular na história do Rio Grande do Sul e do país. No Brasil, a hegemonia dos liberais paulistas ligados aos complexo cafeeiro e seus aliados regionais comandaram a economia e a política nacional. No Rio Grande do Sul, os liberais ligados à pecuária, que haviam dominado a política na Província no decênio final do Império, foram alijados do poder com a troca de regime político. O grupo que assumiu o aparelho do Estado, ligado ao Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), tinha simpatia pelo positivismo e implantou uma ditadura no Estado que durou até 1930. A pesquisa tem por objetivo analisar a proposta de colonização com imigrantes defendida pelos ideólogos do PRR na RepÚblica Velha. As principais fontes utilizadas são as mensagens encaminhadas pelos Presidentes de Estado à Assembleia dos Representantes e os Relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios das Obras PÚblicas do Rio Grande do Sul. No que se refere à análise, o método utilizado é o dialético que parte da infraestrutura para a superestrutura, da acumulação do capital aos antagonismos sociais e aos desdobramentos políticos. Gramsci e os conceitos de hegemonia e de ditadura de um grupo constituem o referencial teórico preponderante. Constatou-se que o sistema de colonização adotado à época do Império foi repudiado pelos republicanos que o acusaram de ter cedido grandes extensões territoriais a particulares e fomentado um povoamento rápido e desordenado. Os governos do PRR defenderam uma colonização mais lenta e não subsidiada, com colonos imigrados espontaneamente, proposta idêntica a desposada por Assis Brasil, ferrenho adversário dos republicanos. Pode-se constatar também que o governo do PRR defendia a imigração, pois buscava apoio político nas zonas coloniais, o que ficou evidenciado durante a Revolução de 1893-1895. As regiões coloniais tornaram-se, então, expressivos colégios eleitorais, desbancando a Campanha Pecuarista, sendo estes os principais opositores do governo do PRR. E por fim, a colonização coadunava-se com o projeto de diversificação da economia que era muito dependente da atividade criatória à época do Império. Orientados pelas visões positivistas, os ideólogos do PRR propunham o planejamento da colonização pelo Estado, responsável por dotar as regiões de estradas de ferro e de rodagem, escolas e telefonia. Afirmaram não ser possível o progresso econômico sem o aperfeiçoamento do aparelho circulatório da produção. O transporte seria a vida da agricultura; se fácil e barato, seria próspera; se deficiente ou caro, acabaria no aniquilamento.


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