INCLUSÃO NO JORNAL ZERO HORA: RELAÇÕES COM A DIFERENÇA

AMANDA CAPPELLARI, CAROLINE DA ROSA COUTO, BETINA HILLESHEIM

Resumo


Nesse trabalho, entende-se a mídia como um território de jogos de poder e (re)produção de discursos. Dessa maneira, ao mesmo tempo em que a mídia é produzida pelo social e discute a partir de um contexto cultural e político, também produz verdades e modos de subjetivação. Nesse sentido, apresenta-se uma análise parcial da pesquisa "Inclusão e Mídia: uma análise do jornal Zero Hora", na qual se objetiva investigar como os discursos de inclusão são (re)produzidos na mídia impressa, tomando como materialidade o jornal Zero Hora. Assim, discute-se como as noções relativas à inclusão e a relação com a diferença são construídas a partir das reportagens do referido jornal que tem circulação diária no sul do país e integra o Grupo RBS. Os procedimentos metodológicos baseiam-se na leitura diária do caderno principal do jornal, buscando-se reportagens que expressem noções de inclusão, bem como reportagens que evidenciem estratégias, ações ou condutas inclusivas. Na presente análise, que constitui uma aproximação inicial com o material, as matérias selecionadas nos meses de abril, maio, junho e julho foram agrupadas de acordo com as unidades temáticas denominadas inclusão e diferença, sendo possível observar que as estratégias inclusivas estão voltadas, majoritariamente, para: imigrantes, população negra, população LGBT e mulheres. Assim, a inclusão emerge para dar visibilidade e oportunidade aos grupos historicamente excluídos e postos à margem. A inclusão é manejada pelo jornal como um imperativo, responsabilizando a todos e a cada um por suas ações ou pela falta delas. Há espaço também para aqueles que não entendem a inclusão como necessária, evidenciado, na maioria das vezes, no espaço destinado ao leitor. Ali, um dos temas recorrentes entre os críticos da inclusão refere-se à negação da importância da acolhida de imigrantes haitianos e senegaleses ao mercado de trabalho brasileiro, argumentando sempre que o país não está em condições econômicas de abrigá-los. Assim, notamos que os sujeitos nunca se posicionam contra a inclusão, mas quando não concordam com alguma ação ou estratégia inclusiva, usam de justificativas e argumentações na tentativa de afirmarem seu posicionamento. De maneira geral, vemos que os discursos predominantes nesse jornal constroem o conceito de inclusão como uma 'atividade' necessária e de responsabilidade de todos, onde as pessoas devem estar incluídas em diferentes espaços e, muitas vezes, assistidas por determinadas políticas pÚblicas.


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