O USO DE AGROTÓXICOS POR PARTE DE DESCENDENTES DE ALEMÃES EM ÁREAS RURAIS DA REGIÃO DO VALE DO TAQUARI
Resumo
A Região do Vale do Taquari, localizada na porção centro-leste do Rio Grande do Sul, compõe-se atualmente por 36 municípios que estão divididos em seis microrregiões. A Região possui grande diversidade cultural, reflexo da habitação de diferentes grupos étnicos no território, tais como indígenas, africanos e imigrantes europeus. Dentre os Últimos, são identificados açorianos, alemães, italianos e seus descendentes. Os imigrantes alemães e seus descendentes, por sua vez, após se instalarem no território do Vale do Rio dos Sinos, seguiram alguns fluxos de migração interna e dirigiram-se também para outras áreas do Rio Grande do Sul, sendo uma delas o Vale do Taquari. O presente trabalho faz parte do Projeto de Pesquisa "Desenvolvimento Econômico e Sociocultural da Região do Vale do Taquari/RS: determinantes, dinâmicas e implicações", vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento, do Centro Universitário Univates. A problemática proposta é que relações existem entre os descendentes de alemães e o uso de agrotóxicos em propriedades rurais no Vale do Taquari. O trabalho tem como objetivo analisar o uso de agrotóxicos por parte de descendentes de alemães em áreas rurais da Região do Vale do Taquari. A metodologia utilizada consiste em uma abordagem qualitativa com análise de conteÚdo. Os procedimentos metodológicos constituem-se na revisão bibliográfica, realização de entrevistas semiestruturadas e elaboração de diários de campo resultantes das visitas realizadas a produtores rurais descentes de alemães. De acordo com os resultados parciais, tomando para análise teóricos da história ambiental, verificou-se que, no momento da instalação dos imigrantes alemães no Rio Grande do Sul, aproximadamente na primeira metade do século XIX, bem como durante a sua migração para o Vale do Taquari, a partir da segunda metade do século XIX ocorreu um constante esgotamento do solo por parte desses imigrantes e de seus descendentes. Essa degradação ocorreu através da derrubada de árvores nativas, da queima do solo e da falta de adubagem que eram realizadas para o plantio de subsistência. Os agrotóxicos começaram a ser fabricados no Brasil em meados da década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial, no entanto, de acordo com relatos de descendentes de alemães que vivem atualmente em áreas rurais do Vale do Taquari, a utilização dos mesmos foi a partir da década de 1950, com a intenção de combaterem insetos e ervas daninhas que prejudicavam as plantações, resultando em um maior rendimento da produção. Antes da introdução dos agrotóxicos, a limpeza das plantações era realizada com o auxílio de enxadas e a terra era adubada com esterco de animais, restos orgânicos e cinzas. Por conseguinte, era necessária uma mão de obra maior para manter a plantação, bem como acabava ocorrendo um maior desgaste físico por parte dos agricultores. Por fim, constata-se que os produtores utilizam agrotóxicos nas plantações destinadas a fins comerciais, enquanto que nas hortas voltadas para o uso familiar isto não ocorre, pelo fato de saberem dos riscos que causam à saÚde.
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