O USO DE AGROTÓXICOS POR PARTE DE DESCENDENTES DE ALEMÃES EM ÁREAS RURAIS DA REGIÃO DO VALE DO TAQUARI

JÚLIA LEITE GREGORY, ANA PAULA CASTOLDI, VALDIR JOSE MORIGI, JÚLIA ELISABETE BARDEN, LUÍS FERNANDO DA SILVA AROQUE

Resumo


A Região do Vale do Taquari, localizada na porção centro-leste do Rio Grande do Sul, compõe-se atualmente por 36 municípios que estão divididos em seis microrregiões. A Região possui grande diversidade cultural, reflexo da habitação de diferentes grupos étnicos no território, tais como indígenas, africanos e imigrantes europeus. Dentre os Últimos, são identificados açorianos, alemães, italianos e seus descendentes. Os imigrantes alemães e seus descendentes, por sua vez, após se instalarem no território do Vale do Rio dos Sinos, seguiram alguns fluxos de migração interna e dirigiram-se também para outras áreas do Rio Grande do Sul, sendo uma delas o Vale do Taquari. O presente trabalho faz parte do Projeto de Pesquisa "Desenvolvimento Econômico e Sociocultural da Região do Vale do Taquari/RS: determinantes, dinâmicas e implicações", vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento, do Centro Universitário Univates. A problemática proposta é que relações existem entre os descendentes de alemães e o uso de agrotóxicos em propriedades rurais no Vale do Taquari. O trabalho tem como objetivo analisar o uso de agrotóxicos por parte de descendentes de alemães em áreas rurais da Região do Vale do Taquari. A metodologia utilizada consiste em uma abordagem qualitativa com análise de conteÚdo. Os procedimentos metodológicos constituem-se na revisão bibliográfica, realização de entrevistas semiestruturadas e elaboração de diários de campo resultantes das visitas realizadas a produtores rurais descentes de alemães. De acordo com os resultados parciais, tomando para análise teóricos da história ambiental, verificou-se que, no momento da instalação dos imigrantes alemães no Rio Grande do Sul, aproximadamente na primeira metade do século XIX, bem como durante a sua migração para o Vale do Taquari, a partir da segunda metade do século XIX ocorreu um constante esgotamento do solo por parte desses imigrantes e de seus descendentes. Essa degradação ocorreu através da derrubada de árvores nativas, da queima do solo e da falta de adubagem que eram realizadas para o plantio de subsistência. Os agrotóxicos começaram a ser fabricados no Brasil em meados da década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial, no entanto, de acordo com relatos de descendentes de alemães que vivem atualmente em áreas rurais do Vale do Taquari, a utilização dos mesmos foi a partir da década de 1950, com a intenção de combaterem insetos e ervas daninhas que prejudicavam as plantações, resultando em um maior rendimento da produção. Antes da introdução dos agrotóxicos, a limpeza das plantações era realizada com o auxílio de enxadas e a terra era adubada com esterco de animais, restos orgânicos e cinzas. Por conseguinte, era necessária uma mão de obra maior para manter a plantação, bem como acabava ocorrendo um maior desgaste físico por parte dos agricultores. Por fim, constata-se que os produtores utilizam agrotóxicos nas plantações destinadas a fins comerciais, enquanto que nas hortas voltadas para o uso familiar isto não ocorre, pelo fato de saberem dos riscos que causam à saÚde.


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