AVALIAÇÃO DA CAVIDADE BUCAL DOS PACIENTES INTERNADOS NA UTI ADULTO DO HOSPITAL SANTA CRUZ

Ricardo da Silva Amaral, Suziane Maria Marques Raupp, Edilson Fernando Castelo

Resumo


A odontologia hospitalar avalia o paciente em seu estado de saúde geral, buscando a relação da cavidade bucal com o surgimento de novas doenças e/ou agravamento de doenças de base. A internação hospitalar, principalmente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), modifica as condições da cavidade bucal dos pacientes em razão do aumento do número e da patogenicidade da microbiota, em função dos pacientes estarem com o estado clínico comprometido pelas alterações do sistema imunológico, exposição a procedimentos invasivos e redução do fluxo salivar. Este estudo objetivou pesquisar as condições da cavidade bucal dos pacientes internados na UTI adulto do Hospital Santa Cruz (HSC), em Santa Cruz do Sul (RS), no período de fevereiro a junho de 2016. Participaram da pesquisa transversal 144 pacientes, de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos. Foram incluídos, inclusive aqueles com nível de consciência rebaixado, impossibilitados de autocuidado, com ou sem ventilação mecânica. Inicialmente, foram examinados os prontuários considerando-se dados clínicos e epidemiológicos. Após, realizou-se a avaliação da condição bucal, composta por exame extrabucal, intrabucal, análise da condição clínica dos dentes, contabilizados os dentes ausentes e raízes residuais, dentes com cáries visíveis, mobilidade dental, presença de possíveis focos de infecção, avaliação da higienização oral e da saúde periodontal. Os resultados preliminares mostraram que dos 144 pacientes, 60,4% (87) eram masculinos, com idade média de 65 anos, e o motivo principal da hospitalização foram doenças cardiovasculares 43% (62). Evidenciou-se que 27% (39) dos pacientes estavam entubados, com média de permanência da intubação de 2,5 dias, entretanto apenas 2% (3) apresentaram pneumonia associada a ventilação mecânica. Quanto as condições clínicas da cavidade bucal: 23,6% (34) eram totalmente edentulos; a média de perda dentária foi 19,09 dentes/ paciente; cerca de 50% (72) dos pacientes apresentavam alguma reabilitação protética. Além disso, 7,6% (11) apresentaram úlceras traumáticas; 4,1% (6) candidíase oral; 2% (3) queilite actínica; 16,6% (24) tiveram sinais clínicos de hipossalivação e 52% (75) saburra lingual. Quanto a saúde gengival, 26% das faces dos dentes examinados apresentaram biofilme, 2,5% das faces tiveram sangramento gengival e 25% (36) dos pacientes diagnosticados com periodontite. Os resultados sugerem alguns questionamentos relativos às manobras de prevenção as doenças de origem bucal e, ainda, mostram que a UTI é um novo universo para o cirurgião-dentista, sendo imprescindível a atuação deste profissional na colaboração do tratamento do paciente crítico, através da adequação do meio bucal, auxiliando no controle da infecção e, em consequência, interferindo positivamente na evolução do quadro clínico do paciente. 

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