PERCEPÇÃO DE BOLSISTAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA QUANTO ÀS ENTREVISTAS REALIZADAS COM TRABALHADORES DA SAÚDE

Ana Carolina Juhlich, Lilian Pereira de Barros, Gabriela Mendes da Silva Flores, Rosimeri Telles, Leni Dias Weigelt, Maristela Soares de Rezende

Resumo


Um pesquisador, por natureza, busca desvendar questões desconhecidas e, para tanto, elabora uma metodologia que contemple os objetivos. Entre os instrumentos utilizados para a coleta de dados, está a entrevista que permite ao pesquisador estar frente a frente com o pesquisado. No entanto, é comum o pesquisador iniciante apresentar grandes expectativas relacionadas às respostas dos sujeitos, pois estes foram selecionados devido ao seu envolvimento com o tema investigado. Assim, este trabalho tem como objetivo expor a percepção de bolsistas de pesquisa relacionada às entrevistas realizadas, no período de maio a julho de 2016, junto a trabalhadores da saúde da 28ª Região de Saúde do Rio Grande do Sul. Trata-se de um relato de experiência das bolsistas integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde (GEPS) e do projeto de pesquisa "Aplicação do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB): olhar avaliativo dos profissionais de saúde". Foram entrevistados 30 trabalhadores da saúde, neste intervalo de tempo, atuantes na rede básica de saúde dos municípios e que participaram de uma das fases do PMAQ-AB. Entre esses sujeitos estavam gestores, médicos, enfermeiros, cirurgiões dentistas e técnicos de enfermagem. Os pesquisadores agendaram previamente as entrevistas e, antes destas, apresentaram-se aos sujeitos, convidando-os a participar da pesquisa, explicando os objetivos, a metodologia e destacando a manutenção do anonimato dos mesmos e do local em que atuam, conferindo maior fidedignidade aos dados e respeito aos sujeitos envolvidos. Aos que aceitaram, foram respeitadas as questões éticas, como preconiza a Resolução 466/12. Identificou-se que a maioria dos entrevistados entendiam a importância do mesmo para ao seu trabalho e para a comunidade. Porém, percebeu-se a fragilidade da comunicação entre a gestão e os trabalhadores, pois seis desconheciam o PMAQ-AB e outros seis a sua proposta, a pesar de desenvolverem as ações preconizadas pelo programa. Além disso, observou-se que sete trabalhadores referenciaram-se ao programa como mais uma tarefa a ser cumprida, expondo o desconhecimento da amplitude do PMAQ-AB, dificultando a efetividade da aplicabilidade do mesmo. Os bolsistas perceberam também que os sujeitos, no momento da entrevista, procuravam obter do entrevistador maiores informações relacionadas ao PMAQ; externavam frustrações quanto ao mesmo, e também se mostravam inseguros, sentindo-se avaliados pelos pesquisadores. Assim, nem sempre as respostas contemplavam as expectativas das bolsistas, que ora surpreendiam-se ora frustravam-se. Como iniciantes no campo da pesquisa, esperavam que os sujeitos dominassem o tema e as questionassem de forma complexa. Para tanto, comprometidas com o resultado do trabalho, as mesmas pesquisavam exaustivamente o tema para maior domínio e segurança frente aos entrevistados. Enfim, destaca-se que as expectativas fazem parte de uma trajetória de investigação. Contudo, é preciso estar preparado para respostas nem sempre esperadas, mas que vão ao encontro do objetivo da pesquisa e refletem o panorama investigado. De toda a forma, todas as respostas provocaram reflexões quanto ao tema, ao comprometimento profissional, à metodologia do programa e ao processo de iniciação científica, que aproxima os conhecimentos teóricos mencionados em sala de aula com a realidade e as fragilidades vivenciadas no dia a dia dos trabalhadores da saúde.


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