BIOMONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA DAS NASCENTES DO ARROIO ANDREAS, RS, BRASIL, ATRAVÉS DO ENSAIO COMETA UTILIZANDO DAPHNIA MAGNA (STRAUS, 1820) COMO ORGANISMO BIOINDICADOR
Resumo
Testes ecotoxicológicos e genotoxicológicos são importantes ferramentas para o monitoramento da qualidade dos mais variados efluentes, visto sua capacidade de detectar potenciais substâncias prejudiciais aos organismos vivos. Testes ecotoxicológicos detectam alterações capazes de causar efeitos sobre a vitalidade e viabilidade do organismo-teste, enquanto que o Ensaio Cometa (EC) permite avaliar danos no DNA, passíveis de reparo e que não afetam tais condições, destacando o microcrustáceo Daphnia magna, que vem se mostrando um excelente organismo-teste para a avaliação de xenobiontes nos cursos de água. A presente pesquisa objetivou avaliar a qualidade da água de nascentes do arroio Andreas, RS, através do EC, utilizando D. magna como organismo-teste. Ao todo foram avaliados 20 pontos, nos meses de setembro e dezembro de 2015 e março e junho de 2016. Para a realização dos testes, neonatos de D. magna foram cultivados conforme a norma técnica brasileira NBR-12713 e submetidos ao teste de exposição aguda com 20 indivíduos por amostra. Sempre que o teste de ecotoxicidade enquadrou a amostra como não tóxica (sobrevivência de no mínimo 80%), aplicou-se o EC, sendo que todos os testes foram realizados em quintuplicata. O material passou para uma solução de lise por 1 hora e posteriormente por eletroforese (0,7V/cm; 300mA) de 20 min em tampão alcalino (pH>12), sendo posteriormente neutralizadas, fixadas e então coradas a base de nitrato de prata, e analisadas em microscopia óptica, onde se contaram 100 nucleóides por lâmina, totalizando 500 nucleóides por amostra. Calcularam-se a Frequência de Dano (FD) e o Índice de Dano (ID), ambos comparados a um controle negativo de água reconstituída. Visando a padronização dos resultados para a comparação ao longo do tempo, os valores de FD e ID foram estandardizados, em relação à respectiva média do Controle. As diferenças estatísticas foram estabelecidas, utilizando a prova não paramétrica de Mann-Whitney. Trabalhou-se com níveis de significância de, no mínimo, 5% (p=0,05). Os resultados de ecotoxicidade indicaram que apenas uma amostra (P19) e para apenas uma coleta (setembro de 2015) foi tóxica, não sendo necessário o emprego do EC para a mesma, pois sua toxicidade era evidente. Aplicado o EC, observou-se genotoxicidade para outras amostras e para todos os períodos de amostragem. Setembro de 2015, apresentou a maior toxicidade observada, para 50% das amostras (ecotoxicidade em P19 e genotoxicidade em P1, P2, P3, P5, P6, P7, P9, P10 tanto para ID como FD e P20 somente para ID). Já na coleta de Dezembro de 2015, a genotoxicidade diminuiu para 30% (P11, P12, P13 e P18 tanto para ID como FD e P6 e P20 somente para FD). Em relação à amostragem anterior, Março de 2016, apresentou um aumento para 45% dos pontos enquadrados como genotóxicos (P5, P11, P12, P14, P15, P17. P18 e P20, tanto para FD como ID e P6 somente para FD). Finalmente, em junho de 2016, novamente a genotoxidade diminui para 30% (P11, P12, P16, P17, P18 e P19 somente para ID). Verifica-se, portanto, que ao longo do tempo a genotoxicidade variou, tanto em relação ao percentual, quanto para os pontos enquadrados com genotoxicidade, havendo uma alta probabilidade de que influencias antrópicas, tais como o uso de agroquímicos e insumos agrícolas empregados em lavouras próximas às áreas amostradas tenha causado esse problema. A utilização do EC com D. magna revela-se como uma importante ferramenta para a avaliação da qualidade da água.
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