BIOMONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA DAS NASCENTES DO ARROIO ANDREAS, RS, BRASIL, ATRAVÉS DO ENSAIO COMETA UTILIZANDO DAPHNIA MAGNA (STRAUS, 1820) COMO ORGANISMO BIOINDICADOR

Daiane Cristina de Moura, Alexandre Rieger, Eduardo Alexis Lobo Alcayaga

Resumo


Testes ecotoxicológicos e genotoxicológicos são importantes ferramentas para o monitoramento da qualidade dos mais variados efluentes, visto sua capacidade de detectar potenciais substâncias prejudiciais aos organismos vivos. Testes ecotoxicológicos detectam alterações capazes de causar efeitos sobre a vitalidade e viabilidade do organismo-teste, enquanto que o Ensaio Cometa (EC) permite avaliar danos no DNA, passíveis de reparo e que não afetam tais condições, destacando o microcrustáceo Daphnia magna, que vem se mostrando um excelente organismo-teste para a avaliação de xenobiontes nos cursos de água. A presente pesquisa objetivou avaliar a qualidade da água de nascentes do arroio Andreas, RS, através do EC, utilizando D. magna como organismo-teste. Ao todo foram avaliados 20 pontos, nos meses de setembro e dezembro de 2015 e março e junho de 2016. Para a realização dos testes, neonatos de D. magna foram cultivados conforme a norma técnica brasileira NBR-12713 e submetidos ao teste de exposição aguda com 20 indivíduos por amostra. Sempre que o teste de ecotoxicidade enquadrou a amostra como não tóxica (sobrevivência de no mínimo 80%), aplicou-se o EC, sendo que todos os testes foram realizados em quintuplicata. O material passou para uma solução de lise por 1 hora e posteriormente por eletroforese (0,7V/cm; 300mA) de 20 min em tampão alcalino (pH>12), sendo posteriormente neutralizadas, fixadas e então coradas a base de nitrato de prata, e analisadas em microscopia óptica, onde se contaram 100 nucleóides por lâmina, totalizando 500 nucleóides por amostra. Calcularam-se a Frequência de Dano (FD) e o Índice de Dano (ID), ambos comparados a um controle negativo de água reconstituída. Visando a padronização dos resultados para a comparação ao longo do tempo, os valores de FD e ID foram estandardizados, em relação à respectiva média do Controle. As diferenças estatísticas foram estabelecidas, utilizando a prova não paramétrica de Mann-Whitney. Trabalhou-se com níveis de significância de, no mínimo, 5% (p=0,05). Os resultados de ecotoxicidade indicaram que apenas uma amostra (P19) e para apenas uma coleta (setembro de 2015) foi tóxica, não sendo necessário o emprego do EC para a mesma, pois sua toxicidade era evidente. Aplicado o EC, observou-se genotoxicidade para outras amostras e para todos os períodos de amostragem. Setembro de 2015, apresentou a maior toxicidade observada, para 50% das amostras (ecotoxicidade em P19 e genotoxicidade em P1, P2, P3, P5, P6, P7, P9, P10 tanto para ID como FD e P20 somente para ID). Já na coleta de Dezembro de 2015, a genotoxicidade diminuiu para 30% (P11, P12, P13 e P18 tanto para ID como FD e P6 e P20 somente para FD). Em relação à amostragem anterior, Março de 2016, apresentou um aumento para 45% dos pontos enquadrados como genotóxicos (P5, P11, P12, P14, P15, P17. P18 e P20, tanto para FD como ID e P6 somente para FD). Finalmente, em junho de 2016, novamente a genotoxidade diminui para 30% (P11, P12, P16, P17, P18 e P19 somente para ID). Verifica-se, portanto, que ao longo do tempo a genotoxicidade variou, tanto em relação ao percentual, quanto para os pontos enquadrados com genotoxicidade, havendo uma alta probabilidade de que influencias antrópicas, tais como o uso de agroquímicos e insumos agrícolas empregados em lavouras próximas às áreas amostradas tenha causado esse problema. A utilização do EC com D. magna revela-se como uma importante ferramenta para a avaliação da qualidade da água.

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