GENOTIPAGEM DE CEPAS DE MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS ISOLADAS DE APENADOS ATENDIDOS NO PRESÍDIO CENTRAL DE PORTO ALEGRE – RS: RESULTADOS PRELIMINARES

Thais Evelyn Karnopp, Ana Julia Reis, Daniela Becker, Luciana de Souza Nunes, Lia Gonçalves Possuelo, Andreia Rosane de Moura Valim

Resumo


A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa transmitida através das vias respiratórias por aerossóis, tendo como agente etiológico o Mycobacterium tuberculosis. A População Privada de Liberdade (PPL) é considerada como um dos grupos mais suscetíveis à infecção pela M. tuberculosis, principalmente pela superlotação e falta de condições sanitárias, assim o risco de contrair a TB é 28 vezes maior no sistema prisional quando comparado à população em geral. Dentre a população prisional, é possível verificar a ocorrência da TB causada por cepas transmitidas nos últimos anos, indicando infecções recentes, dentro das próprias penitenciárias. A genotipagem de M. tuberculosis permite a detecção da propagação clonal de cepas multi-resistentes aos medicamentos e surtos inesperados, dentro destas unidades. Nesse sentido, objetivou-se avaliar o perfil genotípico de M. tuberculosis entre a PPL do Presídio Central de Porto Alegre (PCPA)- RS. Realizou-se um estudo transversal retrospectivo incluindo pacientes com diagnóstico de TB, através dos exames de baciloscopia e cultura, atendidos no serviço de saúde do PCPA, diagnosticados no ano de 2013. Os dados clínicos dos pacientes, bem como as cepas de M. tuberculosis foram obtidas do banco de dados e do banco de amostras do Laboratório Central do estado do Rio Grande do Sul (LACEN/RS), respectivamente. A partir de culturas de M. tuberculosis foi realizada extração de DNA e posteriormente realizada a genotipagem por MIRU-VNTR- 15 loci. Os dados clínicos avaliados foram positividade para HIV, resultado de baciloscopia, cultura, teste de sensibilidade e idade do portador de TB. Foram analisadas até o momento 8 amostras de apenados do PCPA. A média de idade foi de 29,25±7,99, todos do sexo masculino. A taxa de co-infecção TB-HIV foi de 12,5%, entretanto em mais de 50% dos casos não havia informação disponível em relação ao status HIV. Quanto ao resultado do exame de baciloscopia 7 (87,5%) foram positivos, destes 3 (37,5%) eram +++. Em relação à cultura, todas as amostras foram positivas, sendo 5 (62,5%) ++. O incremento de positividade com a cultura foi de 12,5%. Em relação aos resultados dos testes de sensibilidade, um (12,5%) era resistente apenas a rifampicina e um (12,5%) era resistente aos quatro medicamentos (isoniazida, rifampicina, etambutol, estreptomicina). Quanto aos resultados da genotipagem, pode-se observar a separação de dois grupos distintos, de acordo com a similaridade, entretanto não houve formação de clusters, ou seja, as cepas não eram geneticamente idênticas. A baixa testagem para HIV entre os pacientes do estudo, torna-se preocupante, pois a triagem deve ser realizada para 100% dos pacientes com TB. A resistência aos medicamentos pode ser associada a um tratamento inadequado ou mal administrado, o que é comum em penitenciárias devido à superlotação. Os achados genotípicos sugerem que os indivíduos infectados pelo M. tuberculosis não indicam uma transmissão recente, pode-se inferir que o indivíduo já estava infectado quando deu entrada na penitenciária, uma hipótese para a manifestação da doença são as condições físicas da unidade, como a falta de condições sanitárias e a superlotação. Ou, ainda ser uma transmissão recente que ocorreu entre os apenados que não foram testados. Ainda, é importante salientar que os resultados aqui apresentados referem-se a 8 indivíduos, e estes podem ser alterados, com formação de clusters, quando o número amostral aumentar.


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