EMOCIONAR-SE NO MCT-PUCRS

Alice Petry da Silva, Luiz Elcides Cardoso da Silva, Nize Maria Campos Pellanda

Resumo


Este trabalho consiste em apresentar uma narrativa de uma saída de campo pelos bolsistas da pesquisa intitulada "Na ponta dos dedos: o iPad como instrumento complexo de cognição/subjetivação", ao MCT-PUCRS (Museu de Ciências e Tecnologias das PUCRS), com 4 crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). No projeto de pesquisa utilizamos o iPad para o acoplamento dos sujeitos autistas com a realidade. Nossa abordagem se dá a partir do paradigma da complexidade, além de apostarmos na plasticidade neuronal e no sistema háptico, pois pesquisas recentes têm mostrado que o toque na ponta dos dedos pode fazer disparar mecanismos neurofisiológicos. Buscamos também romper com a abordagem tradicional do autismo que reforça as estereotipias típicas investindo no princípio da complexificação e no conceito de autopoiesis de Maturana e Varela, no princípio de auto-organização de Von Foerster, e na aprendizagem pelo ruído de Henri Atlan. Esta pesquisa está vinculada ao "Grupo de Ações e Investigações Autopoiéticas" (GAIA), sob orientação da professora Dra. Nize Maria Campos Pellanda. Através do projeto temos como objetivo retirar a criança do seu meio habitual, fazendo com que ela se perturbe e tenha a necessidade de reorganizar-se. Com a saída de campo podemos perceber como elas se comportaram em ambientes diferentes e com mais pessoas, já que nos nossos encontros nas dependências da UNISC (Universidade de Santa Cruz do Sul) participam apenas a criança e os bolsistas/pesquisadores. Durante a visitação os sujeitos puderam usar dos seus cinco sentidos (tato, olfato, audição, paladar e visão) o que acarretou na demonstração de diferentes emoções concomitantes. Conforme bibliografias, os portadores do TEA têm grande dificuldade em demonstrar suas emoções, porém isso não significa que ele não as sintam. Todo comportamento tem como impulso uma emoção, as pessoas tem a capacidade de mudar o emocional de outra e vice-versa, com os autistas não seria diferente. Ao demonstrar suas emoções os sujeitos se permitem compartilhar interesses e se desenvolverem socialmente. Nesta saída de campo especificamente, nossas percepções se deram em relação às emoções que os sujeitos demonstraram frente as suas descobertas durante a visitação as dependências do museu. Os dados foram gerados através da gravação de vídeos, do registro de fotos, bem como de relator dos responsáveis pelas crianças. Durante a visitação e através das observações feitas nos diários de bordo, foi possível verificar a grande variação de emoções, como a estranheza na chegada e a tristeza na partida, além do acoplamento das crianças com o meio tecnológico, com diferentes ambientes, e a interações com as invenções. No decorrer da visitação houve muitos momentos de euforia, felicidade e descoberta, além do estreitamento das relações das crianças com os bolsistas/pesquisadores, com seus acompanhantes e entre si, o que foi um dos fatos mais importantes. Também foi possível observar quais características comuns do TEA cada criança apresentava, como por exemplo, a interação social, a comunicação e as atividades estereotipadas, restritas ou repetitivas. Acreditamos que conhecer novos espaços bem como diferentes tecnologias contribuem no processo de ontoepistemogênese, termo este tecido pelo GAIA, para designar os processos de emergência do conhecer e do subjetivar-se de forma integrada no próprio processo do viver.


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