AUMENTO DA TAXA DE INTERNAÇÃO E CO-INFECÇÃO TB/HIV ENTRE PACIENTES COM TUBERCULOSE EM SANTA CRUZ DO SUL

Daiana Elisa Meurer, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva, Andreia Rosane de Moura Valim, Vanda Beatriz Hermes, Lia Gonçalves Possuelo

Resumo


A Tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis que atinge principalmente os pulmões. Na atualidade é uma das enfermidades que mais preocupa as autoridades da saúde, sendo ligada diretamente à desigualdade social, ao HIV, polimorfismos genéticos e influências do ambiente, visto que ocorre principalmente em países subdesenvolvidos, onde o acesso à saúde básica é escasso.  A fim de controlar esta epidemia é necessário criar estratégias de saúde que informem sobre a TB e seu tratamento e criar políticas públicas que melhorem a qualidade de vida da população. Para tanto é preciso conhecer a epidemiologia da doença. Portanto, o objetivo deste trabalho foi comparar o perfil epidemiológico dos pacientes com TB no município de Santa Cruz do Sul (SCS) em dois períodos distintos, 2000-2010 e 2011-2017. Foi realizado um estudo de coorte retrospectiva avaliando os prontuários médicos dos pacientes atendidos no ambulatório de referência para tuberculose em SCS. Avaliaram-se as seguintes variáveis: idade, sexo, HIV, hábitos de vida, desfecho do caso e necessidade de internação. Análises descritivas foram realizadas no programa SPSS versão 20.0. Com relação aos resultados, observa-se um aumento no número total de casos, somando 321 na primeira fase do estudo (2000 - 2010) e 356 na segunda fase (2011 – 2017). Houve também um aumento nos casos de pacientes com TB/HIV Reagentes: 31 (9,7%) na primeira fase e 53 (14,9%) na segunda fase, 224 (62,9%) dos 356 casos de 2011-2017 ocorreram em homens, número semelhante ao de 2000-2010 (232 de 321 casos). As taxas de cura também foram semelhantes nos dois períodos, 250 (70,2%) na fase 2 e 222 (72,1%) na fase 1. As taxas de abandono do tratamento diminuíram de 24 (7,8%) para 16 (4,5%). O aumento de necessidade de internação hospitalar foi a variável mais chamativa. No período de 2000-2010 foram 41 (12,8%) casos que necessitaram internação. Já no período de 2011-2017 o número subiu para 122 (34,3%) casos. Com base nos resultados nota-se um aumento nos casos diagnosticados, no número de casos de pacientes com TB/HIV, uma vez que pacientes soropositivos possuem uma predisposição imunológica a doenças infecciosas. Apesar de o homem ser mais suscetível à TB, devido a diversos fatores socioeconômicos, notou-se a diminuição de casos no sexo masculino, possivelmente devido à equiparação de mulheres no mercado de trabalho, sendo mais expostas à bactéria do que no passado. As taxas de cura se assemelham e as taxas de abandono diminuíram, tendo em vista o aumento de ações de promoções da saúde para a conscientização da população sobre a doença. O diagnóstico tardio possivelmente explica o aumento no número de casos que necessitaram de internação, sendo isso um reflexo do próprio paciente (que pode apresentar sintomas tardios) ou dos serviços de saúde locais (tendo em vista o longo período de tempo entre a primeira consulta e o diagnóstico). Conclui-se que medidas urgentes para o controle da Tuberculose são necessárias, visando a diminuição de casos e a melhoria da saúde em geral. Isto pode ser feito através de programas de conscientização que convençam os pacientes a permanecer no tratamento e informem a população sobre a doença. 


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