EXPERIÊNCIAS DE ESCRITA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

Ana Carolina Kirst, Elis Regina Limberger, Laura da Silva de Abreu, Felipe Gutsack

Resumo


Apresentamos, neste estudo, reflexões acerca de concepções de linguagem, pensamento e tecnologia, decorrentes das ações do projeto de pesquisa Experiências de escrita na formação de professores para a Educação Básica. Atendemos, assim, a um dos objetivos deste projeto que é propor leituras, interações e estudos das concepções dos temas citados, especialmente na sua dimensão escrita, visando compreender suas relações com a Educação. Trata-se de pesquisa qualitativa bibliográfica, segundo concepções Gil, para a qual utilizamos livros, publicações periódicas e impressos diversos. Além disso, também consideramos os conceitos de Bogdan e Biklen, sendo uma investigação descritiva, baseada no processo, com interesse na narrativa, tendo frequentemente o uso de citações. Tomamos como referência textos estudados no último semestre, dos quais destacamos os de Ingold, Agamben e Schopenhauer, porque guardam aproximações com autores estudados anteriormente, como Echeverría, Larrosa e Maturana, entre outros. Schopenhauer pensa a escrita como arte, uma ação no mundo que tem e revela identidade própria. Para ele, a linguagem é algo que o homem inventou instintivamente e que se modifica através das gerações, adaptando-se ao corpo. Agamben, com a expressão ‘a coisa mesma’, problematiza e evidencia a existência do humano na linguagem, que possibilita seus modos de pensar e de inventar o mundo. Para ele, a abertura do mundo para o homem se dá na linguagem ao mesmo tempo em que nela o homem se percebe como tal e pode transformar-se. Ingold, por sua vez, problematiza a noção de ‘objeto’, tradicionalmente estabelecida nas ciências e no mundo cotidiano como algum artefato feito, produzido e acabado pelo homem. Segundo o autor, este conceito não dá conta de explicar os diferentes aspectos da percepção humana que disparam na medida em que há o acoplamento com os mais diferentes objetos. Opondo-se a essa tendência que nos leva a pensar muitos objetos como limitadores da emergência dos traços humanos, o autor propõe e defende uma retomada da concepção de ‘coisa’. Segundo ele, quando pensamos assim os objetos, retiramos dele o sentido da ‘coisa’, como um ‘agregado de fios vitais’ que o interligam com a vida. Associando tais concepções, as conclusões de nosso estudo confirmam a defesa da escrita como uma tecnologia de si, e esta como uma dimensão de linguagem, como uma arte – uma tecnologia – que nos apresenta e permite ver, interpretar e inventar o mundo. Isto é, a escrita como uma ação porosa, fluida, perpassada por fluxos vitais –, integrada aos ciclos e dinâmicas da vida e do meio – na qual os humanos se pensam e ampliam seus modos de ser e estar no mundo.


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