AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DE SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES URBANOS UTILIZANDO MICROALGAS E WETLANDS CONSTRUÍDOS

Julia Fernanda Radtke, Naira Dell Osbel, Ênio Leandro Machado

Resumo


A falta de sistemas de tratamento de esgoto doméstico em pequenos municípios e na zona rural, aliado à atual expansão de condomínios residenciais, reforça a necessidade de sistemas de tratamento de esgotos domésticos compactos e simplificados no Brasil. A utilização de Wetlands com macrófitas aquáticas já é realizada como alternativa para a falta de tratamento das águas residuais destas áreas no qual, a carência maior é de tecnologias simples, econômicas e que exigem pouca energia. Os sistemas utilizando microalgas também têm se mostrado uma solução sustentável, onde a fixação de dióxido de carbono e a remoção de nutrientes das águas residuarias são pontos que fazem do uso das microalgas uma alternativa promissora. Sistemas estes que são vistos como alternativas viáveis, naturais, sustentáveis e eficazes. Neste contexto visualiza-se a necessidade de investimento em saneamento e tecnologias ambientais para a minimização dos impactos associados à construção e operação de unidades de tratamento. O trabalho teve como objetivo identificar os impactos ambientais relacionados com a remediação por sistemas de Wetlands Construídos (WC) e Microalgas (MA) através da Análise de Ciclo de Vida (ACV), estabelecendo comparativos entre ele, com a mesma unidade funcional e fluxo de referência para o tratamento dos efluentes do Campus Central da UNISC. Para o estudo foi utilizado o software SimaPro® 8.0.4, com o banco de dados Ecoinvent 3 e método Impact 2002+ do Instituto Federal de Tecnologia Suíço (EPFL), realizado de acordo com a ABNT NBR ISO 14044 (2009), ABNT NBR ISO 14.042 (2000) e ABNT NBR ISO 14040 (2009).  Com extrapolação para um fluxo de 20 anos (1200 m3 de efluente tratado) e considerando a adoção do escopo do berço ao túmulo, sem inclusão das estratégias de transporte, a fase de construção dos dois sistemas, 92,3%, foi a maior causadora de impactos ao meio ambiente. A este estão relacionados a utilização de polietileno de alta densidade (32,8%), areia (27,2%) e polivinilclorado (18,8%). Pontuando com mais significância a Radiação Ionizante, a Ecotoxicidade Aquática, a Ecotoxicidade Terrestre e Energias não renováveis, sendo que os maiores valores para estas categorias de impactos estão associados ao sistema das MA, devido à necessidade de uma bomba para a recirculação. Já, na fase de operação dos sistemas, a maior categoria de impacto observada foi a utilização de energia elétrica no sistema das Microalgas Pré-Wetlands, devido à dependência de recursos não renováveis. Nesta fase, o Aquecimento Global aparece como outra categoria de impacto relevante, referente às emissões de gases, principalmente o metano, oriundos do Reator Anaeróbico (RA). Para que ambos os sistemas adquiram uma sustentabilidade maior sugerem-se estudos quanto à utilização de materiais provenientes dos resíduos da construção civil para a construção dos suportes dos Wetlands, diminuindo a dependência de extração de novos recursos. Outro estudo a se realizar seria a queima do gás metano gerado e o reaproveitamento energético do mesmo para a recirculação do sistema de MA, o que eliminaria a dependência das fontes energéticas não renováveis.

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