QUALIDADE DO SONO E SUA RELAÇÃO COM A CAPACIDADE FUNCIONAL E VO2 ESTIMADOS EM PACIENTES COM DPOC

Andrea de Aguiar Peters, Paloma Borba Schneiders, Guilherme Back, Renata Trimer, Tania Cristina Malezan Fleig, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) tem origem multifatorial e pode coexistir com outras comorbidades que devem ser ativamente identificadas e tratadas, pois influenciam na mortalidade e hospitalizações de forma independente. Distúrbios do sono (insônia, síndrome das pernas inquietas e apneia obstrutiva do sono) são comuns em pacientes DPOC (entre 16% e 75%) e estão associados com maior gravidade da doença, exacerbações mais frequentes, maior utilização de cuidados de saúde de emergência e maior mortalidade. Avaliar a qualidade do sono (QS) em pacientes com DPOC e sua relação com as características clínicas e a qualidade de vida (QV). Estudo transversal, com amostragem de conveniência incluiu 23 pacientes com DPOC do Programa de Reabilitação Pulmonar do Hospital Santa Cruz, de ambos os sexos. Foram excluídos aqueles com déficit motor, neurológico e portadores de arritmias cardíacas. Variáveis analisadas: antropométricas (idade, sexo, peso, altura, índice de massa corporal-IMC, circunferências); função e força muscular respiratória (espirometria e manovacuometria); capacidade funcional [teste de caminhada de 6 minutos-TC6m; questionário DASI (consumo de oxigênio-VO2)]; qualidade do sono (Questionário de Pittsburgh) e QV (Questionário Respiratório de Saint George-SGRQ). Os pacientes foram estratificados conforme resultado do Pittsburgh em 2 grupos: QS Boa (GB, n=15) e QS Ruim (GR, n=8). Para análise estatística usou-se o programa SPSS versão 23.0 e considerou-se significativo p=0,05. Nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os grupos para a idade (GB=67,7±9,0 vs GR=62,5±6,8anos, p=0,181), IMC (GB=26,9±5,8 vs GR=30,1±6,2Kg/m², p=0,199), presença de fraqueza muscular inspiratória (GB=66,7% vs GR=62,5%, p=0,842), estadiamento da DPOC (p=0,062) e distância percorrida no TC6m (GB=365,4±82,7; GR=360,1±55,8 metros, p=0,866). Encontrou-se diferença significativa entre os grupos no escore total do DASI [GB=32,2(0–50,7); GR=23,4(7,2–28,7), p=0,014], no VO estimado [GB=23,4(0–31,4); GR=19,6(12,6–21,9) mL.kg-1.min-1, p=0,014] e na QV-domínio atividades [GB=68,0(5,9-93,4); GR=80,7(60,3–86,7)%, p=0,024]. Correlações positivas obtidas no GB: entre a obstrução das vias aéreas com a capacidade funcional e força muscular inspiratória [VEF1 vs PImax (r=0,554;p=0,032), vs %PImax (r=0,588;p=0,021), vs VO2 estimado (r=0,659, p=0,008)]; entre a PImáx com o VO2 estimado (r=0,634;p=0,011) e o TC6m (r=0,636; p= 0,015) bem como o MRC dispneia (r=-0,535, p=0,040); e entre o TC6m e o VO2 estimado (r=0,594, p=0,0025) e domínio atividades da QV (r= -0,541, p=0,046). Correlações obtidas no GR: entre a obstrução das vias aéreas com o TC6m (r=0,778,p=0,023) e do TC6m com o IMC (r= -0,833, p=0,010), bem como da PImax com o domínio impacto da QV (r= -0,714, p=0,047) Pacientes DPOC com QS boa apresentam melhor capacidade funcional, maior VO2 estimado e melhor domínio das atividades na sua qualidade de vida, pelo quando comparado aos pacientes com QS ruim. Esta melhor capacidade funcional está relacionada com a força muscular inspiratória e menor obstrução das vias aéreas destes sujeitos, que por sua vez se relacionam com a menor dispneia funcional e menor impacto sobre a qualidade de vida-domínio atividades.

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