RELAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ÁLCOOL E A QUALIDADE DO SONO COM O RISCO CARDIOVASCULAR EM JOVENS SAUDÁVEIS
Resumo
O consumo excessivo de bebida alcoólica (BA) é um sério problema de saúde. No Brasil, a idade de início do consumo de BA gira em torno de 18,7 anos e, seu consumo na Região Sul é maior (28,4%,1 ou mais dose/semana), variando conforme o sexo. Em adultos, o consumo frequente de BA está associado ao desalinhamento circadiano e do sono, comprometendo funções em todos os sistemas fisiológicos. Beber compulsivamente pode prejudicar a função vascular, aumentar a atividade simpática e estresse oxidativo, criando uma tendência ou um ambiente que acentua a inflamação e contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares aumentando a mortalidade. Este trabalho tem como objetivo avaliar relação entre o consumo de álcool e qualidade do sono com o risco cardiovascular em jovens saudáveis. O estudo tem um recorte transversal realizado dentro do projeto de pesquisa“Binge drinking and cardiovascular health in young adults”desenvolvido na Universidade Illinois de Chicago. Foram recrutados 48 sujeitos que passaram por uma avaliação clínica, estratificados conforme o consumo de álcool em três grupos:“Abstinentes”(AB;n=11), definidos como aqueles que não consomem mais que 1 BA padrão por mês, nos últimos 2 a 3 anos; “Bebedores Moderados”(BM;n=17) para homens, consumo de não mais de 3 bebidas padrão por vez com frequência máxima de 1-2 vezes por semana e para mulheres o consumo de não mais de 2 bebidas padrões por vez com não mais de 1-2 vezes na semana nos últimos cinco anos; Bebedores Compulsivos (BC;n=18) definidos como 5 ou mais bebidas em um período de 2 horas nos últimos 30 dias se homem e, 4 ou mais no período de 2 horas para mulheres. Para análise da qualidade do sono (QS) aplicou-se o questionário de Pittsburgh classificada em boa (QS entre 0 e 4 pontos) ou ruim (QS entre 5 e 10 pontos). O risco cardiovascular foi avaliado pela coleta da velocidade da onda de pulso e pressão arterial central, em decúbito dorsal (10 segundos) usando tonometria de aplanação e um transdutor de alta fidelidade de tensão de calibre (SphygmoCor, AtCor Medical, Austrália). Os resultados foram analisados no programa SPSS versão 24.0,expressos em média e desvio padrão ou intervalo de confiança de 95%, considerando significativo um 0,05. Nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os grupos AB, BM e BC para as variáveis clínicas idade, sexo, índice de massa corporal e circunferência da cintura, exceto a circunferência do quadril que foi maior no grupo BC, comprado ao grupo AB (95,4±5,6vs89,2±6,4,p=0,031). Em repouso, pressões braquial sistólica e diastólica não diferiram entre os grupos porém, a pressão de pulso central (PPcentral) foi maior no BC, comparado ao BM (33,0±5,3vs28,9±3,5,p=0,034), a velocidade de onda de pulso (VOP) apresentou tendência a elevação em BM(5,1±0,6) e BC(5,1±0,5) comparado aos AB(4,6±0,5). Nenhuma diferença entre os grupos foi observada na QS, escore total e seus componentes. Quando avaliados apenas os sujeitos com má qualidade do sono [AB n=5(45%);BM n=10(59%) e BCn=11(61%)], o grupo BC apresentou maior PPcentral comparado ao BM(34,5±5,8vs29,2±3,9,p=0,046). Correlações positivas foram encontradas entre o consumo de álcool com o componente distúrbios do sono (r=0,310,p=0,036) e com a PPcentral (r=0,336,p=0,012). Jovens adultos bebedores compulsivos de BA apresentam mais elevada PPcentral. Distúrbios do sono e PPcentral estão relacionados ao consumo de BA, grupos BM e BC tendem a uma maior rigidez arterial pela análise do VOP.
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