RESPOSTA FRACTAL DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO TESTE DO DEGRAU DE 6 MINUTOS EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
Resumo
A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é uma ferramenta simples de avaliação da função do sistema nervoso autônomo (SNA), que analisa a variação entre os intervalos RR (iRR) da frequência cardíaca (FC). A análise não linear da VFC analisa a complexidade do sistema nervoso autonômico e é capaz de identificar o risco de morte súbita. Os índices Alpha1 (81) e do Alpha2 (82), avaliam a propriedade fractal da série temporal do iRR indicando flutuações de curto e longo prazo de tempo, respectivamente. Em sujeitos hígidos, 81 é próximo de 1,0 e deve ser maior que o 82. Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) apresentam alterações no SNA, decorrentes dos mecanismos de broncoconstrição, hipoxemia, hipercapnia e inflamação sistêmica que estes pacientes apresentam. O objetivo do estudo é avaliar a resposta da análise não linear da VFC frente ao teste do degrau de 6 minutos (TD6m) em pacientes com DPOC. É um estudo transversal com amostragem de conveniência, incluiu pacientes com DPOC sem arritmia cardíaca. O registro da FC foi realizado em sedestação durante o repouso (rep=5 minutos) e na recuperação (rec=5 minutos pós-teste) após o TD6m, com o cardiofrequencímetro (Polar® S810i) e posteriormente transferidos e analisados no software Kubios® (versão 2.2). Para determinar a retomada vagal através da recuperação da FC, foi calculado o delta de variação entre a FC de pico e recuperação (FCRec = FC de pico - FC recuperada no primeiro minuto pós teste). Para o TD6m utilizou-se um degrau de 20cm de altura, sobre um tapete de borracha antiderrapante, onde os pacientes foram orientados a descer e subir o maior número de degraus durante 6 minutos, com cadência livre, sem qualquer apoio dos membros superiores, podendo alternar o membro inferior durante o teste. Os resultados foram analisados no programa SPSS versão 23.0 e expressos em média e desvio padrão, e utilizado o teste de Mann Whitney e ANOVA com post teste de Tukey. Foram avaliados 11 pacientes DPOC com estadiamento entre moderado a muito grave [sexo masculino (n=9; 81,8%); idade média 67,9±7,3 anos]. O número de subidas no TD6m foi de 80,2±19,6. Não foram encontradas diferenças entre repouso e recuperação para 81 (rep=0,9±0,2 vs rec=1,0±0,2, p=0,117) e 82 (rep=0,6±0,1 vs rec=0,5±0,1, p=0,199). Identificamos diferenças na FC do repouso para o pico do TD6m (rep=78,9±10,5 vs pico=109,0±13,9 bpm, p<0,001) e do repouso para recuperação do teste (rep=78,9±10,5 vs 95,0±15,2 bpm, p=0,022). A média do FCRec foi 14,0±7,3 bpm, sendo 6 (54,5%) pacientes classificados como retomada vagal inadequada e maior risco de mortalidade. Foram encontradas correlações positivas entre número de subidas no TD6m e o 81 (r=0,815, p=0,002); e uma correlação negativa entre FCRec e o 81 (r=-0,645, p=0,032). A análise não linear da VFC, através dos índices 81 e 82 frente ao TD6m em pacientes com DPOC, demonstrou parâmetros de normalidade tanto no repouso quanto na recuperação e adequados quando comparados a sujeitos hígidos. O índice Alpha1 mostrou-se sensível para detectar as variações do FCRec e apresenta forte correlação com o número de degraus subidos no TD6m.
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