RESPOSTA FRACTAL DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO TESTE DO DEGRAU DE 6 MINUTOS EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Camila da Silva Brinques, Paloma de Borba Schneiders, Sabrina Antonio de Souza, Tania Cristina Malezan Fleig, Renata Trimer, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é uma ferramenta simples de avaliação da função do sistema nervoso autônomo (SNA), que analisa a variação entre  os intervalos RR (iRR) da frequência cardíaca (FC). A análise não linear da VFC analisa a complexidade do sistema nervoso autonômico e é capaz de identificar o risco de morte súbita.  Os índices Alpha1 (81) e do Alpha2 (82), avaliam a propriedade fractal da série temporal do iRR indicando flutuações de curto e longo prazo de tempo, respectivamente. Em sujeitos hígidos, 81 é próximo de 1,0 e deve ser maior que o 82. Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) apresentam alterações no SNA, decorrentes dos mecanismos de broncoconstrição, hipoxemia, hipercapnia e inflamação sistêmica que estes pacientes apresentam. O objetivo do estudo é avaliar a resposta  da análise não linear da VFC frente ao teste do degrau de 6 minutos (TD6m) em pacientes com DPOC. É um estudo transversal com amostragem de conveniência, incluiu pacientes com DPOC sem arritmia cardíaca. O registro da FC foi realizado em sedestação durante o repouso (rep=5 minutos) e na recuperação (rec=5 minutos pós-teste) após o TD6m, com o cardiofrequencímetro (Polar® S810i) e posteriormente transferidos e analisados no software Kubios® (versão 2.2). Para determinar a retomada vagal através da recuperação da FC, foi calculado o delta de variação entre a FC de pico e recuperação (FCRec =  FC de pico - FC recuperada no primeiro minuto pós teste). Para o TD6m utilizou-se um degrau de 20cm de altura, sobre um tapete de borracha antiderrapante, onde os pacientes foram orientados a descer e subir o maior número de degraus durante 6 minutos, com cadência livre, sem qualquer apoio dos membros superiores, podendo alternar o membro inferior durante o teste. Os resultados foram analisados no programa SPSS versão 23.0 e expressos em média e desvio padrão, e utilizado o teste de Mann Whitney e ANOVA com post teste de Tukey. Foram avaliados 11 pacientes DPOC com estadiamento entre moderado a muito grave [sexo masculino (n=9; 81,8%); idade média 67,9±7,3 anos]. O número de subidas no TD6m foi de 80,2±19,6. Não foram encontradas diferenças entre repouso e recuperação para 81 (rep=0,9±0,2 vs rec=1,0±0,2, p=0,117) e 82 (rep=0,6±0,1 vs rec=0,5±0,1, p=0,199). Identificamos diferenças na FC do repouso para o pico do TD6m (rep=78,9±10,5 vs pico=109,0±13,9 bpm, p<0,001) e do repouso para recuperação do teste (rep=78,9±10,5 vs 95,0±15,2 bpm, p=0,022). A média do FCRec foi 14,0±7,3 bpm, sendo 6 (54,5%) pacientes classificados como retomada vagal inadequada e maior risco de mortalidade. Foram encontradas correlações positivas entre número de subidas no TD6m e o 81 (r=0,815, p=0,002); e uma correlação negativa entre FCRec e o 81 (r=-0,645, p=0,032). A análise não linear da VFC, através dos índices 81 e 82  frente ao TD6m em pacientes com DPOC,  demonstrou  parâmetros de normalidade tanto no repouso quanto na recuperação e adequados quando comparados a sujeitos hígidos. O índice Alpha1 mostrou-se sensível para detectar as variações do FCRec e apresenta forte correlação com o número de degraus subidos no TD6m.


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