QUALIDADE MUSCULAR E SUA RELAÇÃO COM AS VARIÁVEIS PULMONARES E FUNCIONAIS EM PACIENTES ACOMETIDOS POR DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Paloma de Borba Schneiders, Guilherme Dionir Back, Camila da Silva Brinques, Tania Cristina Malezan Fleig, Renata Trimer, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


A redução da força muscular, conhecida como dinapenia, pode refletir em alterações funcionais dos músculos respiratórios e periféricos que influenciam diretamente na capacidade respiratória e funcional destes indivíduos. Entretanto, existe uma limitação de publicações que elucidem sobre o assunto nesta população, uma vez que a literatura atual apresenta até o momento somente evidências na população idosa. O presente trabalho tem como objetivo identificar a frequência da dinapenia e sua relação com as variáveis pulmonares e funcionais em pacientes com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). O estudo é de delineamento transversal, desenvolvido junto ao Programa de Reabilitação Pulmonar (PRP) do Hospital Santa Cruz - Santa Cruz do Sul/RS. Todos os sujeitos foram submetidos a (1) avaliação clínica, (2) funcional, e (3) da qualidade muscular, composta por: 1 - dados de saúde pessoal, dispneia funcional (Escala de Dispneia Funcional Medical ResearchCouncil- MRC), qualidade de vida (Questionário de Saint George’s Respiratory Questionnaire - SGRQ); medidas antropométricas [peso, altura, índice de massa corporal (IMC), circunferência da panturrilha direita (CP), do quadril (CQ), e da cintura (CC), risco cardiovascular (relação cintura quadril - RCQ); 2 - função pulmonar (espirometria), teste de caminhada de seis minutos (TC6m) estratificado para risco de mortalidade (< 350m) e desempenho no teste (velocidade da marcha - VM); 3 - índice de massa muscular total (IMMT), avaliação de força muscular periférica (dinamometria - força de preensão palmar - FPP) e respiratória (manovacuometria - PImax e PEmax). Para determinação da dinapenia construiu-se um perfil de risco para incapacidade física por meio de fatores como VM (= 0,8 m/s), fraqueza muscular periférica (FPP: <30 Kgf para homens e <20Kgf para mulheres), depleção da massa muscular (CP: =33cm em mulheres e =34 cm em homens) e um baixo índice de massa muscular total (IMMT: = 7,26 kg/m2para homens e = 5,45 kg/m2para mulheres). Foram avaliados 10 pacientes DPOC com estadiamento moderado a muito grave, ingressantes no PRP, idade média 61,8±8,8 anos, classificados em sobrepeso e obesidade (IMC = 28,4±4,8Kg/m2), com elevado risco cardiovascular (RCQ = 0,9±0,1cm), sintomáticos pela escala de MRC e com fraqueza muscular inspiratória (n=7) e periférica (n=5). Houve baixa frequência de dinapênicos pela CP (n=1) e pelo IMMT (n=2), e uma frequência de 40% (n=4) de dinapenia ao combinarmos a baixa força muscular periférica com o risco de mortalidade pelo TC6m. Ao relacionarmos os dados da qualidade muscular com variáveis clínicas e funcionais, encontramos apenas uma correlação positiva entre o grau de obstrução pulmonar (VEF1) e a VM (r=0,800; p=0,010). Na amostra estudada identificamos baixa frequência de depleção de massa muscular quando classificados pela CP e pelo IMMT, sendo observado 40% de dinapênicos quando combinamos os dados da qualidade muscular com variáveis funcionais e uma relação positiva entre o grau de obstrução pulmonar e a VM em pacientes com DPOC.


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