QUALIDADE MUSCULAR E SUA RELAÇÃO COM AS VARIÁVEIS PULMONARES E FUNCIONAIS EM PACIENTES ACOMETIDOS POR DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
Resumo
A redução da força muscular, conhecida como dinapenia, pode refletir em alterações funcionais dos músculos respiratórios e periféricos que influenciam diretamente na capacidade respiratória e funcional destes indivíduos. Entretanto, existe uma limitação de publicações que elucidem sobre o assunto nesta população, uma vez que a literatura atual apresenta até o momento somente evidências na população idosa. O presente trabalho tem como objetivo identificar a frequência da dinapenia e sua relação com as variáveis pulmonares e funcionais em pacientes com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). O estudo é de delineamento transversal, desenvolvido junto ao Programa de Reabilitação Pulmonar (PRP) do Hospital Santa Cruz - Santa Cruz do Sul/RS. Todos os sujeitos foram submetidos a (1) avaliação clínica, (2) funcional, e (3) da qualidade muscular, composta por: 1 - dados de saúde pessoal, dispneia funcional (Escala de Dispneia Funcional Medical ResearchCouncil- MRC), qualidade de vida (Questionário de Saint George’s Respiratory Questionnaire - SGRQ); medidas antropométricas [peso, altura, índice de massa corporal (IMC), circunferência da panturrilha direita (CP), do quadril (CQ), e da cintura (CC), risco cardiovascular (relação cintura quadril - RCQ); 2 - função pulmonar (espirometria), teste de caminhada de seis minutos (TC6m) estratificado para risco de mortalidade (< 350m) e desempenho no teste (velocidade da marcha - VM); 3 - índice de massa muscular total (IMMT), avaliação de força muscular periférica (dinamometria - força de preensão palmar - FPP) e respiratória (manovacuometria - PImax e PEmax). Para determinação da dinapenia construiu-se um perfil de risco para incapacidade física por meio de fatores como VM (= 0,8 m/s), fraqueza muscular periférica (FPP: <30 Kgf para homens e <20Kgf para mulheres), depleção da massa muscular (CP: =33cm em mulheres e =34 cm em homens) e um baixo índice de massa muscular total (IMMT: = 7,26 kg/m2para homens e = 5,45 kg/m2para mulheres). Foram avaliados 10 pacientes DPOC com estadiamento moderado a muito grave, ingressantes no PRP, idade média 61,8±8,8 anos, classificados em sobrepeso e obesidade (IMC = 28,4±4,8Kg/m2), com elevado risco cardiovascular (RCQ = 0,9±0,1cm), sintomáticos pela escala de MRC e com fraqueza muscular inspiratória (n=7) e periférica (n=5). Houve baixa frequência de dinapênicos pela CP (n=1) e pelo IMMT (n=2), e uma frequência de 40% (n=4) de dinapenia ao combinarmos a baixa força muscular periférica com o risco de mortalidade pelo TC6m. Ao relacionarmos os dados da qualidade muscular com variáveis clínicas e funcionais, encontramos apenas uma correlação positiva entre o grau de obstrução pulmonar (VEF1) e a VM (r=0,800; p=0,010). Na amostra estudada identificamos baixa frequência de depleção de massa muscular quando classificados pela CP e pelo IMMT, sendo observado 40% de dinapênicos quando combinamos os dados da qualidade muscular com variáveis funcionais e uma relação positiva entre o grau de obstrução pulmonar e a VM em pacientes com DPOC.
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