HÁBITOS DE HIGIENE BUCAL E USO DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS EM ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL (RS)
Resumo
A Constituição Federal Brasileira de 1988 reconhece que a saúde é um direito da população e um dever do Estado. Visto que a saúde bucal faz parte da saúde geral, o uso dos serviços de saúde é resultado de uma interação de fatores e também depende da percepção das pessoas. O objetivo desse estudo é avaliar a prevalência do uso de serviços odontológicos pelos escolares de 12 anos no município de Santa Cruz do Sul e sua associação com hábitos de higiene bucal e autopercepção sobre sangramento gengival. O estudo faz parte de uma pesquisa desenvolvida pelos cirurgiões-dentistas da Rede de Atenção à Saúde do Município de Santa Cruz do Sul, professores e estudantes do Curso de Odontologia da UNISC. O mesmo é transversal, observacional, quantitativo, de base populacional e analítico. Teve como base todos os escolares de 12 anos de idade, que frequentavam escolas da rede pública do município de Santa Cruz do Sul no ano de 2018, que estavam presentes na escola no dia da pesquisa, autorizadas pelos seus pais e que concordaram em participar. Os dados foram coletados através de questionário autoaplicável. A pergunta realizada para avaliar o uso de serviço odontológico foi “Com que frequência você foi ao dentista durante os últimos 12 meses?”. Em relação à higiene bucal foram questionadas sobre a frequência da escovação dentária e o uso do fio dental e para a autopercepção sobre o sangramento gengival foi perguntado ao escolar: “Nos últimos 6 meses notou sangramento na sua gengiva?”. Para a análise dos dados, a frequência de visita ao cirurgião-dentista foi dividida em duas categorias, conforme o número de visitas nos últimos 12 meses: “2 vezes ou mais” e “1 vez ou menos”. As respostas sobre a escovação dentária, foram dicotomizadas em “não escova os dentes ou escova até uma vez ao dia” e “escova duas vezes ou mais ao dia”. O uso do fio dental e a autopercepção sobre presença de sangramento gengival foram dicotomizados em “sim” e “não”. Participaram da pesquisa e responderam a essas perguntas 485 escolares. Destes, 312 (64,33%) foram ao cirurgião-dentista 2 vezes ou mais nos últimos 12 meses e 173 (35,67%) foram 1 vez ou menos, não havendo diferença significativa entre meninos e meninas. Nunca foram ao cirurgião-dentista 35 escolares (5,77%) e 60 (9,88%) não foram nos últimos 12 meses. Dos escolares que foram 2 vezes ou mais ao cirurgião-dentista nos últimos 12 meses, 93,25% relataram escovar os dentes 2 vezes ou mais ao dia; 79,53% relataram usar o fio dental e 46,82% relataram sangramento gengival. Dos escolares que visitaram 1 vez ou menos o cirurgião-dentista nos últimos 12 meses, 82,66% relataram escovar os dentes 2 vezes ou mais ao dia, 56,36% relataram usar o fio dental e 60,25% relataram sangramento gengival. A diferença observada entre os dois grupos de escolares quanto à frequência de uso dos serviços odontológicos e os cuidados com a higiene bucal e a autopercepção da presença de sangramento foi estatisticamente significativa (P<0,05). Conclui-se que os escolares que foram mais ao cirurgião-dentista tem melhores hábitos de higiene bucal, sugerindo que os mesmos contribuíram para menor ocorrência de sangramento gengival.
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