EFEITO AGUDO DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL E EXERCÍCIO SOBRE A VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIACARDÍACA DE JOVENS SAUDÁVEIS

Filipi Garcia Legramanti, Joana de Lima Goes, Vanessa de Mello Konzen, Ricardo Meirelles Borba, Dannuey Machado Cardoso, Dulciane Nunes Paiva

Resumo


O controle autonômico cardíaco requer um equilíbrio dinâmico do tônus simpático e parassimpático, sendo o sistema nervoso autônomo (SNA) o responsável pelo controle das funções vegetativas do organismo. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é a variação do período de intervalo RR consecutivos, onde R é um ponto que corresponde ao pico do complexo QRS na onda do eletrocardiograma, relacionada com a despolarização ventricular esquerda e se constitui em uma medida simples e não invasiva que retrata as alterações advindas da atuação do SNA sobre a frequência cardíaca. Acredita-se que uma sessão de exercícios resistidos pode produzir um impacto agudo significativo sobre a modulação autonômica. A estimulação elétrica funcional (EEF) se configura em uma corrente elétrica alternada de baixa frequência que leva potenciais de ação ao neurônio motor provocando contração muscular, sendo uma modalidade terapêutica empregada em diversas etapas da reabilitação de pacientes cardiopatas, com o intuito de promover aumento da massa muscular, entretanto, seus efeitos ainda não são plenamente compreendidos, o que motivou o desenvolvimento do estudo em indivíduos hígidos. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a resposta aguda do SNA, por meio da análise da VFC, dos efeitos do exercício resistido associado a EEF de modo isolado ou associado, em adultos jovens e hígidos. Trata-se de um estudo do tipo crossover que avaliou amostra de 12 jovens saudáveis de ambos os sexos com faixa etária entre 20 e 30 anos, tendo sido incluídos aqueles insuficientemente ativos ou que realizavam atividade física leve (com frequência inferior a 3 vezes por semana). A amostra realizou, de modo aleatório e em diferentes dias, sessões de exercício resistido, sessões de EEF e de EEF associado ao exercício resistido. No pré e pós-esforço, os sujeitos se mantiveram sentados para a avaliação da VFC durante 5 minutos. O sinal foi salvo como intervalo RR e analisado pelo software Kubios HRV. Dados analisados por meio do SPSS (versão 23.0), sendo a normalidade avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk. A VFC foi avaliada por meio do teste de Wilcoxon para comparação dentro de cada grupo e teste de Kruskal-Wallis seguido do post hoc de Dunn para comparar as diferenças entre as intervenções (p<0,05). As intervenções apresentaram variações do sistema nervoso simpático e parassimpático, sendo elas: FES (simpático pré: 1308,7; simpático pós: 2149,0; p=0,002) (parassimpático pré: 337,2; parassimpático pós: 505,4; p=0,071); exercício (simpático pré: 1434,6; simpático pós: 2142,0; p= 0,015) (parassimpático pré: 1434,6; parassimpático pós: 433,0; p= 0,983); EEF+exercício (simpático pré: 975,8; simpático pós: 1793,5; p= 0,002) (parassimpático pré: 231,9; parassimpático pós: 417,6; p= 0,002). Os resultados evidenciaram um efeito agudo da EEF sobre a VFC, semelhante aquela ocorrida entre o exercício resistido isolado em indivíduos jovens saudáveis. Ao se estabelecer comparação entre o FES e exercício isolados com a EEF associada a exercícios foi evidenciada diferença significativa, apresentando um efeito realçado na modulação autonômica desses indivíduos. Ainda assim devemos ressaltar que são necessários novos estudos avaliando o efeito da EEF associada a exercícios resistidos em pacientes com distúrbio simpatovagal.

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