PACIENTES EM PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA APRESENTAM REDUÇÃO DA FORÇA MUSCULAR PERIFÉRICA?

Kethelen Fortes da Silva, Eduarda Chaves Silveira, Lilian Abentroth, Eliziana Eichelberger Lopes, Éboni Marília Reuter, Dulciane Nunes Paiva

Resumo


O tratamento de doenças cardiovasculares (DCV) pode ser realizado através de várias intervenções incluindo as cirurgias cardíacas (CC). A doença cardíaca resulta na perda de capacidade funcional que por sua vez é resultante da diminuição oxidativa da musculatura esquelética e da perfusão muscular que podem ocasionar perda da função muscular periférica. A avaliação da força muscular periférica em pacientes no pós-operatório de CC é importante, pois os pacientes submetidos a este procedimento cirúrgico podem apresentar redução da capacidade de execução de suas atividades funcionais após a cirurgia. A força de preensão palmar (FPP) se configura como um importante indicador da força muscular periférica e global, refletindo nas atividades de vida diárias (AVD) e funcionalidade. Avaliar o comportamento da FPP de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. Estudo transversal que avaliou a FPP da mão dominante por meio de dinamometria manual no pré-operatório, no pós-operatório imediato (POi) e tardio (POt) de cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) e de troca valvar de indivíduos de ambos os sexos, com faixa etária entre 30 e 80 anos e que apresentassem estabilidade hemodinâmica. No pré-operatório foram avaliados os dados clínicos e antropométricos, a presença e intensidade da dor por meio da escala visual analógica (EVA) e a gravidade clínica por meio do Simplified Acute Physiology Scor (SAPS III). Para comparação dos valores da FPP entre os momentos pré-operatório, POi e POt, foi utilizado o teste ANOVA de medidas repetidas e post-hoc de Bonferroni para comparações múltiplas (p<0,05). A FPP foi avaliada com o paciente em posição sentada com o ombro em adução, cotovelo fletido a 90º, antebraço em posição neutra entre 0º e 30° de extensão e desvio ulnar entre 0° e 15° e com os pés apoiados no chão e o quadril a 90º de flexão, tendo realizado preensão da manopla em três testes consecutivos, com alternância do membro a ser avaliado, sendo considerada a medida de maior valor. Tal protocolo foi baseado nas diretrizes da American Society of Hand Therapists (ASHT). A amostra foi composta por 36 pacientes (CRM: n= 19; troca valvar: n= 17) com média de idade de 62,47 ± 9,54 anos e índice de massa corporal de 76,15 ± 14,20Kg/m2, 26 do sexo masculino. A gravidade clínica da amostra foi classificada como indicador baixo risco de mortalidade. A percepção da dor foi de 1,14 ± 2,31 no pré-operatório; 1,58 ± 2,31 em POi; e 0,60 ± 1,27 em POt. Foi evidenciada diferença da FPP entre os períodos operatórios avaliados (p<0,001), tendo havido redução da FPP do pré-operatório para o POi (29,56 ± 10,43 Kgf versus 23,00 ± 9,33 Kgf, respectivamente) (p<0,001), bem como do pré-operatório para o POt (29,56 ± 10,43 Kgf versus 25,28 ± 9,03 Kgf) (p<0,001) e do POi para o POt (23,00 ± 9,33 Kgf versus 25,28 ± 9,03 Kgf) (p< 0,001).  O estudo evidenciou redução da FPP no pós operatório imediato e tardio de cirurgia, que pode ser resultante da dor pós operatória e da perda da funcionalidade. Tal evidência pode auxiliar na elaboração de condutas terapêuticas que possam contribuir para a melhora da força muscular e funcionalidade dos pacientes que se enquadram neste grupo. Com este estudo, evidenciamos que a FPP se torna um instrumento válido no acompanhamento de pacientes submetidos a cirurgias cardíacas.

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