AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE BAIXO CUSTO MULTIFUNCIONAL, PARA REMEDIAÇÃO DE EFLUENTES HOSPITALARES, ATRAVÉS DE ENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS, SANTA CRUZ DO SUL, RS, BRASIL

Samanta Rodrigues de Oliveira, Eduardo A. Lobo

Resumo


O uso de wetlands construídos para remediação de efluentes hospitalares, que apresentam uma alta carga orgânica, é carente de estudos analíticos para aspectos da ecotoxicidade, especialmente quando associa poluentes prioritários que ocorrem, por exemplo, em lavanderias hospitalares, em virtude de suas características refratárias, devido à presença de sanitizantes, desinfetantes, antibióticos, agentes de limpeza e outros surfactantes. Neste contexto, a presente pesquisa visa avaliar a eficiência de um sistema de tratamento de baixo custo integrando wetlands construídos, utilizando como suporte a gramínea Chrysopogon zizanioides (Capim-vetiver), para remediação de efluentes de lavanderia hospitalar, na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) da UNISC (ETE/UNISC), através de análises de ecotoxicidade, utilizando o microcrustáceo Daphnia magna como organismo teste, cultivado no Laboratório de Ecotoxicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), seguindo a norma brasileira ABNT nº 12713/2004. O ensaio agudo (ecotoxicológico) consiste em expor neonatos de D. magna com idade entre 2 a 26 horas de vida a diluições das amostras do efluente hospitalar, bruto e tratados coletados na ETE-UNISC, por um período de 48 horas, calculando-se a CE (I)50% 48h (Concentração Efetiva Inicial Mediana, concentração no início do ensaio que causa efeito agudo a 50% dos organismos em 48h), baseado na mortalidade e/ou imobilidade dos organismos testados. Mensalmente, de janeiro a agosto de 2019, foram realizados ensaios de sensibilidade dos organismos testes com a substância de referência, Cloreto de Potássio. Os resultados preliminares do teste de sensibilidade indicaram uma média (± desvio-padrão) para CE(I)50% 24 horas de 0,66 ± 0,11 mg L-1 (Coeficiente de Variação, CV = 16,7%), valor que se enquadra dentro da faixa ideal da CE(I)50% da substância de referência, de 0,60 mg L-1 a 0,93 mg L-1, que corresponde aos limites de controle (dois desvios-padrão), validando, desta forma, a realização de testes ecotoxicológico. Com relação ao efluente de lavanderia hospitalar, bruto e tratado, 8 amostras foram coletadas entre 08 a 26 de maio, sendo que os resultados indicaram que o efluente bruto (n = 4) apresentou uma média para a CE(I)50 48 h de 37,0 ± 12,8% (Coeficiente de Variação, CV = 34,5%), sendo classificado como “Altamente Tóxico”. Já o efluente tratado (n = 4) não apresentou toxicidade em 100% das amostras, chancelando a eficiência do sistema de wetlands construídos para a detoxificação do efluente de lavanderia hospitalar.

 


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