EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO FUNCIONAL SOBRE A ESPESSURA MUSCULAR DO QUADRÍCEPS DE PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA CARDÍACA

Joana de Lima Goes, Filipe Legramanti, Litiele Evelin Wagner, Lilian Abentroth, Alessandra Emanuelidis, Dulciane Nunes Paiva

Resumo


Atualmente, no Brasil, as doenças do aparelho circulatório se constituem um dos maiores problemas de saúde pública devido ao seu alcance e grau de morbidade. As cirurgias cardíacas (CC) se tornaram essenciais para o aumento da sobrevida e qualidade de vida dos pacientes. Trata-se de cirurgias de alta complexidade cujas complicações podem aumentar o tempo de internação e pode também ocasionar diminuição da massa muscular que, no pós-operatório (PO), pode ser avaliada por meio da medida da espessura muscular (EM). A EM do quadríceps está fortemente relacionada à força muscular periférica e consequentemente ao ganho ou perda da EM. Os pacientes que apresentam EM reduzida no PO, devido a redução da massa muscular podem se beneficiar da eletroestimulação funcional (EEF).  Avaliar os efeitos da EEF sobre a espessura muscular em pacientes submetidos à CC.  Ensaio clínico randomizado unicego que avaliou 21 pacientes de ambos os sexos, com faixa etária entre 30 e 80 anos, submetidos à CC no Hospital Santa Cruz, em Santa Cruz do Sul – RS. Foram incluídos pacientes no PO de revascularização do miocárdio e de troca valvar com estabilidade hemodinâmica e neurológica. Foram excluídos aqueles com aumento da resistência vascular pulmonar, lesão nervosa periférica presença de marca-passo cardíaco, alteração da sensibilidade na região do quadríceps, refratariedade à EEF e que fizeram cirurgia de emergência. Os pacientes foram alocados de forma randômica em grupo controle (GC), que realizou a reabilitação cardíaca convencional (RCC) e grupo intervenção (GI), que foi submetido a EEF associada à RCC. A EM do quadríceps foi mensurada através da ultrassonografia realizada no quadríceps femoral de forma bilateral, sendo avaliada no pré-operatório, POi e POt. A EEF foi realizada nos músculos reto femoral e vasto lateral, 20 Hz, largura de pulso de 0,5 ms, 10 s tempo de repouso e 5 s tempo de contração por 30 minutos, 24 horas após a cirurgia e por duas vezes ao dia, totalizando 30 minutos em cada sessão em ambos quadríceps, durante todos os dias da semana.  Amostra (n=21) (GC: n=12; GI: n=9) com idade de 61,29±11,64 anos e Índice de Massa Corporal (IMC) de 30,82±4,61 Kg/m2 (58,3%, sexo masculino). Não foi evidenciada diferença significativa da espessura muscular do reto femoral e do vasto intermédio do membro inferior dominante dos grupos analisados, assim como, entre os momentos operatórios avaliados. Discussão: O estudo avaliou os efeitos da EEF em pacientes submetidos à CC e não evidenciou diferença da EM do quadríceps. Pacientes submetidos à CC podem apresentar redução aguda da síntese proteica muscular, devido ao estresse gerado no PO, desregulando o metabolismo proteico e ocasionando perda de massa muscular e tais eventos ocorrem mesmo em pacientes com curto tempo de permanência na UTI. Ressalta-se que, alterações da espessura muscular de quadríceps no POi podem ser atribuídas à inflamação e ao balanço hídrico dos pacientes, gerando edema, que pode enviesar a medida da EM neste momento operatório. O presente estudo não evidenciou diferença da EM do quadríceps em relação aos indivíduos submetidos a reabilitação cardíaca convencional, assim como, também não houve diferenciação entre os períodos operatórios avaliados.

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