SISTEMATIZAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS: UMA ANÁLISE DO ESTÁGIO DE VIVENCIAS COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO NA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE SANTA CRUZ DO SUL

Bruna Caroline Borges, Cheron Zanini Moretti

Resumo


Este estudo apresenta um recorte do projeto de pesquisa (Des)colonialidade do ser/poder/saber na Pedagogia da Alternância: sistematização de uma experiência e tem como objetivo principal compreender a importância do estágio de vivência como instrumento pedagógico para que a “do-discência” ocorra na alternância entre tempo-escola e tempo-propriedade familiar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa em que nos detivemos a realizar uma análise do estágio de vivência como instrumento pedagógico. Para isso, acompanhamos o seminário preparação e o seminário socialização de vivências, além da coleta de entrevistas com estudantes da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC). A observação participante também fez parte de nosso percurso metodológico. Como orientação teórico-epistemológica, tomamos os princípios da educação popular e da educação do campo como fundamentos. A partir da análise do estágio de vivências conseguimos compreender melhor o processo educativo da escola e a importância desse para aquisição de conhecimentos e práticas que estão relacionadas com a/o estudante em toda a sua experiência e não restrito à sala de aula. A autonomia é um ponto importante nesse processo, visto que vários estudantes têm em seu estágio de vivência a primeira experiência fora do núcleo familiar, como viajar para outra cidade e compartilhar moradia com outra família durante uma semana. O encontro e troca de diversos saberes necessários ao trabalho no campo se destacam, como as diferenças e trocas entre técnicas usadas pelas famílias, além de ser uma possibilidade de analisar diferenças socioeconômicas entre elas, gerando espaços de compartilhamento entre essas famílias. As formas de socialização entre os meninos se dá em salão de futebol, as meninas mesmo que participem dessas atividades tendem a ser mais relacionadas à reprodução da vida, como a alimentação. Outra questão que fica claro através da análise, é a diferença de percepção da vivência entre as estudantes mulheres e os estudantes homens, mesmo que ambos tenham domínio das questões práticas do trabalho no campo. As meninas, devido ao contexto sócio-histórico-cultural, tendem a ter uma visão mais ampla do processo, como com a análise de relevo e o olhar diferenciado para o papel representado pelas mulheres, conseguindo compreender a importância dessas para a subsistência das famílias. Além disso destaca-se a participação das mães e avós no processo pedagógico, sendo elas as principais informantes e guardiãs das sementes crioulas.


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