TRABALHO E MERCADOS DE TRABALHO NO RIO GRANDE DO SUL: A DINÂMICA DOS MERCADOS DE TRABALHO EM CIDADES MÉDIAS DO RIO GRANDE DO SUL
Resumo
O trabalho analisa como a dinâmica de desenvolvimento do capitalismo no Brasil repercute nos mercados de trabalho de cidades médias do Rio Grande do Sul. Como referência empírica foram tomados dez municípios gaúchos que, em 2018, tinham entre cem mil e quinhentos mil habitantes: Caxias do Sul, Pelotas, Santa Maria, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Uruguaiana, Bagé, Passo Fundo, Erechim, Bento Gonçalves. A partir desses municípios foi analisado como a dinâmica de desenvolvimento do capitalismo no País, a partir de 2011, repercutiu nos empregos e nas condições de empregabilidade das pessoas que trabalham nas cidades médias gaúchas. Cabe destacar que a partir de 2011, a dinâmica dos mercados de trabalho no Brasil apresentou duas fases principais: até 2013/2014, uma fase de continuidade no crescimento dos empregos formais, na melhora do poder aquisitivo dos salários, na diminuição da pobreza no País; a partir de 2015, uma conjuntura caracterizada pela crise econômica e política, além da ênfase em políticas neoliberais de ajuste fiscal e diminuição dos investimentos do Estado, observou-se o crescimento do desemprego e dos subempregos, a diminuição do poder aquisitivo dos trabalhadores, o aumento no número de trabalhadores sem proteção legal. Foi a partir dessa preocupação que os objetivos da pesquisa foram definidos, orientando a investigação a partir de um quadro teórico que problematizou a importância das cidades médias no desenvolvimento regional no Brasil, além de destacar o conceito de precarização no trabalho, expressão de diferentes formas de insegurança dos trabalhadores, decorrentes do desemprego e do subemprego, do comprometimento da renda, da ausência de proteção legal e política aos trabalhadores. Para o alcance dos objetivos propostos, a partir do quadro teórico indicado, foram considerados tanto dados secundários quanto dados primários. Em relação aos primeiros, o Censo Demográfico de 2010 e, principalmente, o CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho e Emprego, foram importantes para a análise de questões relacionadas ao mercado formal e informal nas cidades médias, à dinâmica mensal de admissões e de desligamentos a partir de 2014, às ocupações que mais admitiram, aos salários médios das ocupações que mais admitiram, às exigências em termos de qualificação profissional. Em relação aos dados primários, foi aplicado um formulário de pesquisa numa amostra de trabalhadores, organizado esse a partir de algumas questões principais: o perfil socioeconômico dos trabalhadores, a situação dos trabalhadores no mercado de trabalho, as trajetórias de inserção e de permanência no mercado de trabalho, as condições de trabalho, o acesso a direitos trabalhistas, a participação no movimento sindical. Ao final, propõe-se que, apesar das singularidades dos mercados de trabalho das cidades médias gaúchas, algumas tendências gerais estão presentes no período analisado, indicando um processo de aprofundamento da insegurança dos trabalhadores nesses mercados de trabalho, objetivada no aumento do desemprego, na diminuição dos empregos formais, nos altos índices de rotatividade nos empregos, no baixo poder aquisitivo dos salários, na criação de empregos vinculados ao setor de serviços básicos e não associados a exigências de maior qualificação profissional.
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