POLÍTICA E REJEIÇÃO DAS ALTERIDADES: A PARTICIPAÇÃO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2018

Leonardo Spiazzi Sales da Silva, Ariane Carla Lazzari, Lara Figueiredo, Marcia Wink, Vanessa Henen, Marco André Cadoná

Resumo


O trabalho apresenta uma análise da cultura política de estudantes universitários, em especial seus posicionamentos políticos nas eleições presidenciais de 2018 no Brasil. Tomando como referência estudantes de graduação da Universidade de Santa Cruz do Sul, a pesquisa realizada investigou as intenções de voto para as eleições presidenciais, bem como as motivações políticas que levaram os estudantes a um posicionamento em relação àquelas eleições. Importante destacar que a relação que os jovens universitários mantêm com o sistema democrático e, particularmente, com os modelos convencionais de participação política, tem constituído uma das preocupações fundamentais associadas ao funcionamento e à sustentabilidade intergeracional das democracias ocidentais. Frequentemente, a responsabilidade acaba por cair sobre os ombros da própria juventude, tendo por base critérios como a “irresponsabilidade” ou a “imaturidade”, uma explicação que tem vindo a ser repensada nos últimos anos, como resultado quer da crise de representação, quer das mudanças na condição juvenil. Seguindo uma linha de análise apoiada numa mútua responsabilização (dos jovens e das instituições políticas) procura-se avaliar em que medida a juventude universitária expressa estas tendências e até que ponto está presente um desencantamento político entre esse segmento da juventude no Brasil. Para tal, analisa-se a participação de jovens universitários nas eleições presidenciais de 2018, marcadas pelo aprofundamento de uma polarização política e ideológica no Brasil, mas, principalmente, pelo crescimento de uma agenda conservadora que resultou na eleição de Jair Bolsonaro para Presidente da República. Sob o ponto de vista dos procedimentos de levantamento de dados, a pesquisa compreendeu a aplicação de um formulário de pesquisa com estudantes de diferentes cursos de graduação na UNISC, nas duas semanas que antecederam a realização do segundo turno das eleições de 2018. O levantamento realizado objetivou conhecer as intenções de voto dos estudantes, as justificativas das intenções de voto e alguns fatores condicionantes do comportamento político-eleitoral dos estudantes. Foram aplicados 169 (cento e sessenta e nove) formulários de pesquisa, distribuídos entre estudantes das quatro áreas de conhecimento na Universidade: ciências humanas, ciências sociais aplicadas, ciências da saúde e engenharias/ciências da terra. Dentre os resultados destaca-se que houve um “empate técnico” entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, com uma leve vantagem para Fernando Haddad e com uma grande maioria se posicionando em relação a um ou outro dos candidatos em disputa (ou seja, com baixo índice de anulação de votos). Sob o ponto das motivações para as escolhas dos candidatos, a pesquisa permitiu perceber diferentes questões, dentre as quais se destacaram o “plano de governo do candidato”, “a defesa da democracia”, o “desejo de mudança”, os “atributos pessoais do candidato” e, principalmente, o interesse em “evitar a eleição do outro candidato”. A partir dessas motivações, destaca-se que a rejeição das alteridades se colocou como uma força política e motivadora das intenções de voto dos jovens universitários, afirmando-se uma identidade política-eleitoral que se definiu, acima de tudo, pela negação de um projeto político-ideológico.

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