CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DAS RELAÇÕES ENTRE ESCREVER, APRENDER E PENSAR

Larissa Tirelli de Araújo, Marina Luiza Hermes, Vitório Ferreira dos Santos Silva, Felipe Gustsack

Resumo


Tratamos, neste resumo, da concepção de linguagem e sua relação com o pensamento, focando especificamente no ato de escrever e na sua relação com o aprender e o pensar. Vinculado com o projeto Experiências de escrita e letramento na formação de professores para a Educação Básica, participaram do estudo, vinte acadêmicos/as de Licenciaturas da UNISC que foram bolsistas do PIBID até meados de 2018, sendo que a pesquisa foi realizada no mês de setembro a partir de um formulário da plataforma google. A questão de pesquisa foi apresentada para 293 estudantes obtendo 20 respostas. Com ela procuramos saber se o/a estudante considera que na sua formação acadêmica aprendeu a escrever para representar o que pensa, aprendeu a escrever para pensar, ou ambas as alternativas. Das vinte respostas obtidas nove (9) consideraram que aprenderam a escrever para representar o que pensam; um (1) considerou que aprendeu a escrever para pensar; e, dez (10) consideraram que aprenderam a escrever para ambas as finalidades. Um estudo destes dados nos leva ao total de 30 respostas indicadoras de concepções de escrita, sendo que 19 respostas defendem a ideia de que escrevemos para representar aquilo que pensamos, aquilo que já sabemos; enquanto que apenas 11 respostas defendem o oposto disso, ou seja, que escrevemos para aprender a pensar. Em termos percentuais temos que 63,3% das respostas apontam para a relação de representação entre pensamento e escrita; e 36,7% indicam uma relação de experiência entre a ação de escrever e aprender a pensar. Com base na teoria que orienta nossos estudos, consideramos importante questionar a opção daqueles estudantes que defendem a ideia de que escrevemos para representar o que pensamos, uma vez que a mesma se vincula à perspectiva de que já sabemos aquilo a respeito do que vamos escrever, o que anula a experiência da escrita como processo de aprendizagem. Nosso estudo está baseado nas teorias de Larrosa e Kohan, a partir das quais compreendemos que é a ação de escrever que atribui sentido à escrita, ou seja, a experiência da escrita é que guarda em si a possibilidade de transformação e não aquilo que já sabemos. Os autores também defendem a ideia de que aquilo que nos anima a escrever é exatamente a potência de que esta ação possa nos libertar de certas verdades e nos transformar em alguém diferente do que já somos. Em outras palavras, se escrevemos para representar o que pensamos, não podemos esperar que venhamos a nos transformar e a transformar o mundo com esta ação. Com base nestas compreensões, tendemos a concluir que o esvaziamento do interesse e do gosto pela ação de escrever, verificada entre a maioria das respostas dos participantes da pesquisa (63,3%), está diretamente relacionada com a concepção da escrita enquanto ação representacional do pensamento, do já sabido.


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