ENCONTROS ENTRE ARTE, EDUCAÇÃO E ESCOLA NO ATELIÊ DA UNISC
Resumo
Este trabalho tem como objetivo aproximar ações do projeto “Educação, arte e infância: mímesis e experiência de linguagem na educação infantil” e ação de extensão “Arte e Vida: Semeando a Paz”, ambos vinculados ao PPGEdu da UNISC. A aproximação entre os grupos Estudos Poéticos: Educação e Linguagem e Peabiru: Educação Ameríndia e Interculturalidade, através de encontros entre arte, educação e biodança no ateliê do Memorial da UNISC, foi promover espaços de conversação e interação que favorecessem experiências expressivas entre crianças e adolescentes do Ensino Fundamental da Escola Estadual de Ensino Fundamental Professor José Wilke e pesquisadores nos campos da educação e da psicologia da UNISC. Diante das recorrentes questões de bullying vividas pelos alunos na escola, apresentadas pela direção, foram inicialmente propostos e organizados pelos dois grupos de pesquisa, no primeiro semestre de 2019, encontros semanais no ateliê da UNISC com os alunos como metodologia para sustentar encontros com seus professores no segundo semestre. Como bolsista de iniciação cientifica participei da organização e realização dos encontros no Memorial da UNISC, os quais buscavam contemplar diferentes sentidos ao favorecer a dimensão sensível que emerge da inseparabilidade entre humano e mundano a partir da experiência com a música, a pintura, a modelagem, o desenho e a biodança. Especificamente, a partir dos estudos por mim realizados, o objetivo foi observar o fenômeno da mimesis nas ações expressivas para além da Educação Infantil. Ao concebermos a mímesis como pensamento em ato, como presença, como um saber encarnado, não apenas negamos a concepção geral de “imitação” e de “repetição” como “cópia” mas afirmamos o prazer lúdico de crianças, jovens e adultos “imitarem” ações para se apropriarem do mundo. É nessa ação mimética de reapropriação do mundo que recriamos sentidos na convivência a partir de configurações compartilhadas com outros. Tal produção emerge da repetição lúdica de fazeres que engendram ficção e jogo, narrativas e brincadeiras, alicerçados tanto no prazer quanto no desafio de coexistir e tecer realidades. Desde o gesto que imita, o traço que se tenta reproduzir, a escolha de cores, a busca pela paridade no grupo de amigos ou inserção no mundo é a base da interação existencial entre humanos. Para aproximar a turma realizamos rodas com biodança, na qual a proposta foi integrar ações entre os participantes e favorecer experimentações expressivas com a tinta, com o desenho e a modelagem nos quais adultos, crianças e adolescentes fortaleciam relações de confiança e respeito a partir da sensibilidade e da amizade, grandes demandas da turma. A aproximação entre pesquisa e escola nos mostrou que o humano tem necessidade de mundo, do outro, do toque, do encontro. Permitiu compreender que isso nos ajuda a entender quem somos, nosso propósito, nossos sentimentos, fortalecendo a necessidade de respeito e paciência no ato educativo. Na experimentação com argila realizamos também um trabalho em conjunto. Dois grupos tocando a argila e sendo tocados por ela, as mãos uns dos outros que naquele toque, naquele moldar, se encontravam. Sorrisos e confiança complementando a singularidade do momento. O entusiasmo dos alunos em continuar os encontros no ateliê mostrou a relevância educacional de investir em experiências poéticas nas interações humanas. Mais, provocou em nós reflexões em torno da relevância educacional da dimensão poética das artes.
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