Figuras de personagens literárias consolidam-se historicamente no domínio do imaginário popular de sociedades, por manifestarem-se sempre em relação a própria realidade humana. Na reflexão acerca da personagem de uma obra, podemos depreender suas nuances, características, experiências e, por sua maneira de encarar o mundo, o ambiente que a envolve. Em diferentes graus, portanto, nos deparamos com a oportunidade de entender realidades e civilizações. A existência dessa figura, distinta da nossa, pode nos fazer contemplar e refletir sobre situações novas ou estranhas, sobre diferentes sociedades, mundos alternativos, mas sempre numa dimensão da personagem, ou seja, numa esfera humana. Com a reflexão sobre esse elemento das narrativas, possibilita-se um entendimento mais fértil sobre a existência do humano no mundo. A partir disso, o presente estudo buscará compreender, qualitativamente, como se dá o estudo da personagem na contemporaneidade. O processo deste trabalho visa analisar criticamente o recorte feito nas pesquisas sobre esse objeto, assim como as metodologias adotadas e o referencial teórico utilizado. Até o momento, estabeleceu-se um panorama quantitativo mais específico e detalhado do que se considera nos estudos da personagem na academia. Ao longo desta prática, fez-se o levantamento das teses de doutorado dos programas brasileiros de pós-graduação em letras referentes ao tema. A busca se deu pelo uso da Plataforma Sucupira/CAPES. Conforme disponibilidade no catálogo da plataforma, gerou-se determinado banco de dados referente às teses de 2013 e 2018. Os dados levantados, quanto a Grande e a Específica Área de Conhecimento, foram, respectivamente, relacionados às áreas de letras, literatura, literatura comparada e teoria literária. Destarte, foram extraídas informações relacionadas a cada produção identificada: Instituição, Programa, Título, Ano de defesa, Resumo, Palavras-chave e Bibliografia. Em seguida, pretende-se fazer uma estratificação das teses por tipo de personagens analisados, por estado da instituição e por gênero de autoria (masculino ou feminino). Em razão do projeto estar em estágio inicial, abrangendo dados ainda não analisados sistematicamente, não há condições de declarar algum resultado justificado. Entretanto, alguns indícios podem ser destacados. Dentre eles, a aparente predominância de estudos das personagens marginalizadas socialmente. A mulher, o negro e o índio surgem como expoentes, geralmente analisados com uma perspectiva crítica da desigualdade social. Produções de programas da região sudeste brasileira parecem mais recorrentes, com um relativo equilíbrio de gênero em termos de autoria.