ADOLESCÊNCIA E ÁLCOOL: REFLEXÕES SOBRE UMA RELAÇÃO

Laura Silva Geller, Stéfanni Vargas da Silveira, Pâmela Noronha da Silva, Kamilla Mueller Gabe, Letiane de Souza Machado, Edna Linhares Garcia

Resumo


A adolescência se constitui como um período marcado por intensas mudanças, em que se experiência muitas descobertas e inseguranças, fundamentalmente uma expectativa no que diz respeito ao alcance da vida adulta. No limbo entre a infância e a vida adulta, os adolescentes tendem a se agregar em grupos de vários estilos, buscando uma identificação com seus pares, respondendo as demandas da sociedade. Nesta dimensão, a adolescência é uma etapa do desenvolvimento vulnerável ao uso abusivo de álcool, especialmente por se constituir como uma droga socialmente aceita e de fácil acesso. Esse estudo trata de um recorte dos resultados obtidos na pesquisa “Narrativas de Adolescentes sobre drogas e os serviços de saúde mental CAPSia e CAPS AD: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul”, que tem como objetivo compreender o lugar das drogas e da drogadição na adolescência. Para o presente estudo foram utilizados apenas os dados referentes aos discursos relativos ao álcool. No período de maio de 2018 a agosto de 2019 a pesquisa alcançou doze escolas do município de Santa Cruz do Sul, totalizando cerca de cento e vinte estudantes. A concepção do álcool como droga se fez presente em dez escolas, nas quais essa encontra-se diretamente relacionada a dependência e ao adoecimento, sendo colocada como algo que foge ao controle do sujeito. É possível perceber que se trata de uma temática pertencente ao contexto de vida dos adolescentes pesquisados, dado que relatam a presença do álcool em diferentes ambientes de socialização. Os participantes entendem o consumo de álcool e outras drogas como multifatorial, citando como motivos principais a falta de apoio emocional, a dificuldade de resolução de problemas, o isolamento social, a dificuldades financeiras e também a influência dos pares. Além disso, refletem e problematizam sobre as nuances que se estabelecem entre lícito e ilícito, apontando os efeitos nocivos acarretados pelo abuso de substâncias psicoativas permitidas por lei, como o álcool. Em algumas escolas os adolescentes relacionaram a embriaguez com a manifestação de comportamentos violentos no âmbito extra e intrafamiliar e com comportamentos de risco como, por exemplo, a imprudência no trânsito. Assim, embora percorram espaços em que o contato com essa droga em específico seja facilitado, mostraram-se como sujeitos críticos ao entender e problematizar o uso e abuso de álcool. A pesquisa revela a importância da criação de espaços de diálogo e escuta dos adolescentes no âmbito escolar, visando a reflexão e o adequado discernimento sobre a temática. Além disso, as discussões suscitadas podem ser compartilhadas com os amigos e a família, multiplicando o conhecimento e propiciando uma rede de cuidados no território.

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