REFLEXÕES SOBRE CONCEPÇÕES DE ESCRITA ENTRE ACADÊMICOS/AS DO PPGEDU/UNISC

Vitória Ferreira dos Santos Silva, Larissa Tirelli de Araújo, Marina Luiza Hermes, Felipe Gustsack

Resumo


A concepção de escrita e sua relação com a ação de pensar e aprender é o foco deste estudo. A pesquisa, etapa do projeto Experiências de escrita e letramento na formação de professores para a Educação Básica, envolveu nove acadêmicos/as, entre egressos e ativos, vinculados/as ao Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado e Doutorado da UNISC, sendo que a mesma foi realizada no mês de setembro de 2018 a partir do modelo de questionário do formulário google. A questão, que foi apresentada para 201 participantes, obtendo nove retornos, investigou se estes/as estudantes consideram que na sua formação acadêmica aprenderam a escrever para representar o que pensam, se aprenderam a escrever para pensar, ou ambas as alternativas. Das nove respostas obtidas cinco (5) consideram que aprenderam a escrever para representar o que pensam; quatro (4) consideram que aprenderam a escrever para pensar; e, um (1) considera que aprendeu a escrever para ambas as finalidades. Refletindo a partir destes dados percebemos que um total de onze (11) respostas são indicadoras de concepções de escrita, sendo que seis (6) respostas defendem a ideia de que escrevemos para representar aquilo que pensamos, aquilo que já sabemos; enquanto que apenas cinco (5) respostas defendem o oposto disso, ou seja, que escrevemos para aprender a pensar. Arredondando os percentuais 55,5% das respostas indicam uma relação de representação do pensamento na escrita; e 44,4% mostram a experiência de escrever na sua relação direta com o aprender a pensar. Consideramos importante, segundo a teoria que embasa nossos estudos, problematizar a concepção dos/das estudantes que acreditam que escrevemos para representar o que pensamos, uma vez que a mesma está vinculada à perspectiva de que sabemos de antemão aquilo a respeito do que iremos escrever; e, também, porque esta concepção descaracteriza a experiência de escrever como um modo de aprender a pensar e de organizar o que pensamos. Afinal, nossos estudos confirmam a ideia de Paulo Freire de que é a prática que ajuíza o discurso e não o contrário, perspectiva também apresentada por Larrosa e Kohan diretamente para uma concepção de escrita na qual entendem que é a ação de escrever que dá sentido à escritura, ou seja, a prática da escrita é que possibilita a transformação, a aprendizagem. Com base nestes autores, acreditamos que aquilo que nos coloca em processo de aprender é a experiência, a prática da escrita, o que pode nos libertar de certas verdades e nos transformar. Em outras palavras, se a nossa prática de escrever, dançar, educar serve somente para representar o que antecipadamente já sabemos, não podemos esperar que venhamos a nos transformar e a transformar o mundo com esta ação. Assim, as conclusões a que chegamos apontam para a possibilidade de que as concepções que temos da ação de escrever podem produzir um enfraquecimento do nosso desejo e interesse pela escrita como ação potencializadora de nossa humanidade. Esse aspecto, conforme demonstramos, pode ser verificado na maioria das respostas dos participantes da pesquisa (55,5%), que concebem a escrita como uma ação pela qual representamos aquilo que pensamos, aquilo que já sabemos antes de escrever.


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