POSSIBILIDADES E DESAFIOS RELACIONADOS AO DIAGNOSTICO DE DISFORA DE GÊNERO.

Autores

  • WILLIAM VINICIUS KLEINPAUL UNISC
  • CATIANE SIMOM ANVERSA UNISC
  • ANALIDIA RODOLPHO PETRY UNISC

Resumo

Movimentos sociais impulsionam discussões acerca das modificações corporais exigidas pela população de indivíduos transgêneros. Em decorrência do Movimento Stop Pathologization, em 2012 a Associação Psiquiátrica Americana deixa de designar o diagnostico de Transtorno de Identidade de gênero para denominar de Disforia de Gênero (DG). A transexualidade implica na incongruência entre o sexo anatômico que o indivíduo apresenta e seu gênero de identificação. No Brasil, a Resolução do CFM 1955/10 discute por que não se poderia ofertar aos transexuais tratamentos que são oferecidos para qualquer cidadão. Tal resolução, apesar de impor a DG como um diagnóstico psiquiátrico, deixa como experimental a neofaloplastia. A portaria 2803/2013 do Ministério da Saúde redefine e amplia o Processo Transexualizador no SUS e reconhece a orientação sexual e a identidade de gênero como um determinante de condição de saúde. Este trabalho tem como objetivo problematizar os limites e as possibilidades do diagnóstico psiquiátrico de DG como um dos critérios para a realização do Processo Transexualizador. Trata-se de uma revisão bibliográfica inserida na pesquisa Problematizando corpo, sexualidade e gênero no atendimento em saúde: representações de profissionais da rede básica de saúde do município de Santa Cruz do Sul, aprovada pelo CEP da UNISC sob protocolo n° 258.073. Abordam-se aqui dois paradigmas que têm disputado poder em relação a esta temática. Por um lado, a compreensão médica da necessidade do diagnóstico psiquiátrico como via que possibilita a legitimação das modificações corporais que o sujeito almeja. Por outro, o entendimento de que o gênero é autodeterminado, não necessitando de um diagnóstico que o confirme. Primeiramente abordamos o grupo que acredita que a DG não consiste em uma doença mental e fundamenta sua discussão na autodeterminação do gênero. Para estes, receber o diagnóstico é ser considerado doente e sofrer estigmatizarão em conseqüência dessa condição médica. Advogam que o diagnóstico não deve ser primordial para que o indivíduo possa se submeter às transformações corporais necessárias para assumir seu gênero de identificação. Alguns psiquiatras ativistas e pessoas trans argumentam que o diagnóstico deve ser extirpado, pois a transexualidade é uma condição do indivíduo. Outro grupo de pesquisadores entende que, se há incongruência entre sexo e gênero, há uma alteração psiquiátrica. Padronizam sinais e sintomas que definem critérios diagnósticos de DG e oferecem um tratamento único para todas as pessoas. Estes pesquisadores referem a força do diagnóstico psiquiátrico na vida das pessoas, em torno do essencialismo biológico, como compreensão para a inadequação entre sexo/gênero. Ao incorporar o diagnóstico biomédico, não se consideram completos sem a realização da cirurgia. Conclui-se que, dentre as possibilidades que possuir o diagnóstico psiquiátrico de DG apresenta, há a garantia da inclusão do indivíduo no Processo Transexualizador. Por outro lado, e enfocando os limites do essencialismo biológico, tem-se que a forma padronizada com que se estruturam as ações de mudança de sexo levanta questionamentos em torno da necessidade das mesmas condutas para todos os pacientes. O modo estruturado com que se apresenta não permite maior atenção às necessidades individuais de cada cliente.

Biografia do Autor

  • WILLIAM VINICIUS KLEINPAUL, UNISC
    UNISC
  • CATIANE SIMOM ANVERSA, UNISC
    UNISC
  • ANALIDIA RODOLPHO PETRY, UNISC
    UNISC

Publicado

2014-10-17

Edição

Seção

Ciências Biológicas e da Saúde