“SÓ TEMOS UMAS ÀS OUTRAS”: VELHICES TRAVESTIS, CUIDADO E JUSTIÇA CLIMÁTICA
Resumo
Este estudo discute a articulação entre justiça climática, cuidado e as vivências de velhices trans e travestis com 60 anos com mais, a partir de relatos e experiências de lideranças da população travesti no Rio Grande do Sul afetadas pelas enchentes de 2024. Por meio de análise qualitativa de narrativas, o texto evidencia como a crise climática não apenas aprofunda desigualdades estruturais, mas também revela o papel central das redes de solidariedade comunitárias como formas de resistência e cuidado coletivo. A ausência de políticas públicas interseccionais, a invisibilidade das pessoas trans e travestis idosas, alinhada a exclusão dos programas de moradia, saúde e proteção social demonstram a urgência de iniciativas que articulem justiça ambiental, equidade de gênero e reconhecimento das velhices dissidentes como sujeitos de direito e de cuidado. O estudo defende que escutar e incorporar as vozes das travestis idosas é condição para qualquer proposta de futuro digno frente às emergências climáticas.