Escravidão e degradação socioambiental no Recôncavo baiano no período colonial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17058/agora.v25i2.18595

Palavras-chave:

Escravidão, devastação ambiental, Recôncavo Baiano

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar como a escravidão negreira esteve a serviço da devastação ambiental no Recôncavo Baiano durante o período colonial. Trata-se de um par pouco conhecido, embora largamente comentado por muitos, mas de forma separada. Este texto visa a preencher uma lacuna bibliográfica ao trabalhar dois conceitos caros à sociedade brasileira: o problema da escravidão e o da devastação ambiental na região do Recôncavo Baiano. Por essa razão o presente texto está dividido em duas partes: na primeira, será examinado o comércio dos escravos e sua finalidade inicial; na segunda, será perscrutado como a devastação ambiental foi executada pelos negros, a mando de seus senhores, a fim de suprir o mercado exportador de madeiras, sobretudo, deixando consequências indeléveis para a região até os dias de hoje. Espera-se que o texto possa colaborar com o avanço dos estudos interdisciplinares sobre a história ambiental no Brasil.

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Biografia do Autor

Antônio Carlos dos Santos, Universidade Federal de Sergipe

É Professor Titular de Ética e Filosofia Política do Departamento de Filosofia da UFS. Foi Professor Convidado junto à Université de Paris I - Sorbonne (2017-2018), graças ao Programa de Estágio Sênior no Exterior da CAPES. Pós-doutor em Filosofia pela Université de Sherbrooke, Canadá (2008-2009) e pela Universidade de São Paulo (2011). Doutor em Filosofia pela Université de Paris X, Nanterre (2003), em cotutela com a Universidade de São Paulo. Mestre, também em Filosofia, pela Universidade de São Paulo (1997). Professor do Departamento de Filosofia da UFS desde 1992. Foi membro do Comité Assessor da Presidência da CAPES (Portaria 104, de 9/5/2018). Foi Coordenador Adjunto e, depois, Presidente da Câmara II (Ciências Humanas e Sociais) da Área Interdisciplinar da CAPES (2013-2017). É pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa de Sergipe (FAPITEC-SE), onde já atuou por 3 mandatos na condição de membro do conselho científico. Publicou e organizou vários livros. Tem artigos e capítulos de livros publicados no Canadá, França, Bulgária, Alemanha, Inglaterra, Peru e Chile, além de periódicos nacionais e internacionais.

Rosemeire Maria Antonieta Motta Guimarães, Universidade Federal do Recôncavo Baiano

Graduação em Serviço Social pela Universidade Federal de Sergipe - UFS (1990); Especialização em Educação Brasileira pela Universidade Federal da Bahia - UFBA (1992); Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA - UFS (2008); Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelo PRODEMA - UFS (2014). Atualmente é docente do Curso de Serviço Social do Centro de Artes, Humanidades e Letras - CAHL, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB. Faz parte, como membro, do Grupo de Estudos Filosofia e Natureza (UFS); e da Associação Brasileira de Estudos do Século XVIII - ABES. Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase e atuação nos seguintes temas: ética, ética profissional e serviço social, metodologia do trabalho científico, cidadania, política social, política ambiental brasileira, conflitos socioambientais, educação ambiental.

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Publicado

2023-12-01

Como Citar

Santos, A. C. dos, & Guimarães, R. M. A. M. . (2023). Escravidão e degradação socioambiental no Recôncavo baiano no período colonial. Ágora, 25(2), 48-66. https://doi.org/10.17058/agora.v25i2.18595

Edição

Seção

Tema Livre