O Impacto do desabastecimento nacional de polimixina B em pacientes críticos durante a pandemia de COVID-19
DOI:
https://doi.org/10.17058/reci.v13i4.18403Palavras-chave:
Polimixina B, antimicrobianos, Resistência Bacteriana à Antibióticos, aminoglicosídeos, COVID-19Resumo
Justificativa e Objetivos: durante a pandemia de COVID-19, o número de pacientes críticos necessitando de cuidados intensivos aumentou consideravelmente, tendo como consequência o aumento de infecções por microrganismos multirresistentes. No Brasil, em 2021, devido à elevada demanda do uso de polimixina B, houve um desabastecimento nacional do fármaco. Uma estratégia utilizada para contornar tal situação foi o uso de aminoglicosídeos. O objetivo do trabalho foi analisar o impacto da substituição de polimixina B por amicacina e gentamicina no desfecho dos pacientes de um hospital de pequeno porte. Método: estudo analítico de delineamento observacional, transversal, com abordagem quantitativa, por meio de uma análise retrospectiva através da análise de prontuários, tendo como desfechos primários alta ou óbito. Resultados: a mortalidade foi semelhante entre o grupo tratado com aminoglicosídeo e o grupo tratado com polimixina B. Dentro do grupo aminoglicosídeo, a mortalidade foi maior no grupo que apresentava bactérias resistentes ao fármaco do que no grupo que tinha infecção por organismo sensível a esse fármaco. A mortalidade não foi afetada por comorbidades, idade ou número de infeções hospitalares. O principal fator que levou à necessidade de diálise foi a soma de dois fármacos nefrotóxicos. Conclusão: duas hipóteses são levantadas: a primeira seria que substituir a polimixina B pelos aminoglicosídeos não impactou a mortalidade; a outra seria que, independentemente do grupo de antibiótico utilizado, os pacientes apresentavam risco de óbito elevado. Apesar das limitações amostrais, o estudo corrobora a adoção de estratégias de uso racional de antimicrobianos.
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