Educação continuada: uma ferramenta para a segurança do cuidado
DOI:
https://doi.org/10.17058/reci.v4i3.5237Resumen
A educação dos profissionais de saúde(PS) é uma das principais estratégias para a adoção de práticas seguras no trabalho em saúde. É uma ferramenta que contribui para que os trabalhadores se conscientizem sobre as consequências de suas práticas e a aderência das precauções e medidas de biosegurança, inclusive a prevenção de acidentes com pérfuro-cortantes no exercício profissional(1). O ambiente de trabalho hospitalar é considerado insalubre por agrupar pacientes portadores de diversas enfermidades infectocontagiosas e viabilizar procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para os PS. Para que as condições do trabalho se tornem mais seguras, se faz necessário medidas estruturais e organizacionais que visem a mudança de comportamento destes, através de esforços conjuntos do serviço e de seus trabalhadores. Para elaborar estas ações é preciso considerar a inserção do trabalhador no grupo e nos processos de trabalho, além de sua vida social e o desgaste emocional dado pelo contexto sócio-econômico-cultural no qual o trabalho está inserido(2). Além disso, requer um trabalho interdisciplinar e intersetorial na prevenção de doenças ocupacionais e promoção de saúde na assistência, garantindo um suporte psico social e que defenda seus interesses, quando necessário(3). Estas medidas devem ser trabalhadas em conjunto com o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho(SESMT), Comissão Interna de Prevenção de Acidentes(CIPA), Comissão de Controle de Infecção(CCIH), Serviço de Educação Continuada e demais setores que se encarregam de educação e vigilância em saúde nas instituições. Para disponibilizar condições de trabalho mais seguras as instituições precisam organizar e estruturar os seguintes processos de trabalho: vacinação dos PS conforme legislação; protocolos de utilização de equipamentos de proteção individual; protocolos de precauções padrão e precauções estendidas(precaução de contato, gotícula, aerossóis e proteção); plano de gerenciamento de resíduos e utilização de dispositivos de segurança conforme legislação vigente; planejamento de estruturas físicas que favoreçam a adoção de práticas corretas(lavatórios e nichos com solução alcoólica para higienização das mãos, lixeiras com acionamento de pedal, caixas de pérfurocortantes acessíveis) e fluxograma para atendimento do trabalhador vítima de acidente de trabalho(4). Conforme esta realidade, um hospital de ensino do sul do Brasil, desenvolve constantemente educação continuada para suas equipes de trabalho. O objetivo é evitar exposição ocupacional e elaborar estratégias para proporcionar meios adequados para que os “atores” possam exercitar um trabalho mais seguro. A implementação destas medidas se justificam, pois trata-se de um hospital de médio porte, com 849 funcionários, que atende diversas especialidades e alta complexidade em traumatologia, cardiologia e gestante/recém nascido de alto risco. No ano de 2011 a instituição atendeu 46.389 pacientes/dia, com uma densidade de incidência de precauções estendidas de 49/1000 pacientes/dia/internados, teve uma taxa de turnover da área assistencial de 2,1 % e contabilizamos um total de 27 acidentes com exposição biológica. Cientes da vulnerabilidade das equipes de assistência, a CCIH e SESMT desenvolvem constantemente capacitação para os grupos. Em parceria com o serviço de educação continuada, realizamos um ciclo de capacitação sobre biossegurança para as equipes de enfermagem, atingindo 70%(265) dos profissionais. Foram disponibilizados 11 momentos, os quais foram desenvolvidos através de oficinas práticas, o que resultou em uma ótima avaliação do ponto de vista dos participantes. Na avaliação final (228) registrada pelos que estiveram presentes pode-se constatar a satisfação quanto a flexibilidade de horários, a metodologia dinâmica utilizada, e no mesmo instrumento já sugerido outros momento neste formato nos mais diversos assuntos. Apesar das diversas estratégias pontuadas e demais desenvolvidas por outros grupos de educação permanente, e do conhecimento dos PS sobre as medidas de biosegurança, percebeu-se a não adesão completa às medidas de proteção. Isto se deu através do uso inadequado ou resistência à utilização do equipamento de proteção individual, aliado a sobrecarga de trabalho e autoconfiança dos PS. Neste contexto, destaca-se a necessidade de capacitação permanente das equipes para a conscientização da adoção de práticas seguras relacionadas a riscos ocupacionais e acidentes de trabalho. É de extrema relevância o envolvimento e a valorização dos profissionais na elaboração de medidas de segurança, tanto organizacionais quanto estruturais, para discutir a temática e envolvê-los no cuidado da sua própria saúde, do outro e do ambiente de trabalho, possibilitando assim a melhoria das condições de trabalho e maior satisfação profissional. Referências Bibliográficas: 1- Boletim Informativo sobre a Segurança do Paciente e Qualidade Assistencial em Serviços de Saúde. v.1 n. 1 Jan-jul 2011. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2011. 2- Assistência Segura: Uma Reflexão Teórica Aplicada à prática. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2013. 3- Guimarães; E.M.P., Godoy; S. C. B., Educação Permanente: Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação como ferramenta para Capacitação Profissional – REME - Revista Mineira de Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais. - v.13, n.1, jan./mar. 2009. Belo Horizonte: Coopmed, 2009. 4- Salum, Nádia Chiodelli A Educação Permanente e Suas Contribuições na Constituição do Profissional e nas Transformações do Cuidado de Enfermagem. Florianópolis (SC): UFSC/PEN, 2006. 319 p.Descargas
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