Visão crítica da história da loucura na formação em Psicologia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17058/psiunisc.v5i1.14536

Palavras-chave:

Psicologia, Educação superior, História.

Resumo

O livro História da Loucura, de Michel Foucault, que explora as formas como o louco é percebido pela sociedade desde a Idade Média até a Modernidade, abre portas para a discussão sobre como a loucura é historicamente produzida. No entanto, é comum que os alunos recém-chegados na graduação em Psicologia tragam consigo (pré) conceitos acerca da temática, partindo de óticas advindas dos seus cotidianos. Um dos desafios do ensino em Psicologia reside justamente na ressignificação de tais modos de pensar. A partir dessa problemática, o presente artigo tem como objetivo discutir a importância da reflexão sobre a loucura enquanto uma construção histórica para os alunos do curso de Psicologia. Realizamos uma pesquisa qualitativa, de viés exploratório, construída a partir de uma revisão narrativa de literatura. A partir da análise do material bibliográfico coletado, foi possível inferir que explorar a constituição social, cultural e histórica da loucura permite colocar em xeque os padrões de normalidade e patologia, borrando as fronteiras entre tais conceitos. Explorar a loucura e sua história oportuniza aos alunos entender a edificação do sujeito louco em seus efeitos subjetivos e no seu contexto histórico. Torna-se possível levantar a discussão de que houve momentos na história em que era impensável considerar a loucura como uma patologia. Concluímos que essa reflexão é de fundamental importância para a formação crítica e ética do psicólogo, uma vez que o permite compreender a loucura não como uma condição inata e natural, mas sim como construída e multideterminada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nathássia Matias de Medeiros, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Graduada em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Especialista em Teoria Psicanalítica pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Fernanda de Oliveira Pereira, Centro Universitário INTA (UNINTA)

Acadêmica de Psicologia pelo Centro Universitário INTA (UNINTA).

Referências

Almeida, F., & Theisen, R. (2009). A psicologia em história da loucura de Michel Foucault. Fractal: Revista de Psicologia, 21(1), 23-42. doi: 10.1590/S1984-02922009000100003

Amarante, P. (1995). Novos sujeitos, novos direitos: o debate em torno da reforma psiquiátrica. Cadernos de Saúde Pública, 11(3), 491-494. doi: 10.1590/S0102-311X1995000300024

Aranha, C., & Cury, L. (2007). Concepção de doença mental em estudantes de graduação em Psicologia: um estudo compreensivo por meio de desenhos temáticos. Mudanças – Psicologia da Saúde, 15 (2), 114-120. doi: 10.15603/2176-1019/mud.v15n2p114-120

Barroso, S. M., & Silva, M. A. (2011). Reforma Psiquiátrica Brasileira: o caminho da desinstitucionalização pelo olhar da historiografia. Revista da SPAGESP - Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo, 12(1), 66-78. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S167729702011000100008&lng=pt&tlng=pt

Bianchi, R. S., & Padilha, L. M. H. (2011). A construção da subjetividade: notas sobre o sujeito. Acta Scientiarum. Human and Social Sciences, 33(1), 67-74. doi: 10.4025/actascihumansoc.v33i1.9439

Calomeni, T. C. B. (2010). A “secreta fundação” da psiquiatria: considerações sobre a análise foucaultiana da história da loucura. Fractal: Revista de Psicologia, 12(1), 51-66. doi: 10.1590/S1984-02922010000100005

Canguilhem, G. (2009). O normal e o patológico (6. ed. rev.). Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Carvalho, A. M. T. & Amarante P. (2000). Forças, diferença e loucura: pensando para além do princípio da clínica. In: P. Amarante (Org.), Ensaios: subjetividade, saúde mental, sociedade (pp.41-52). Rio de Janeiro: Fiocruz.

Cavalheri, S., Merighi, M. A. B., & Jesus, M. C. P. (2007). A constituição dos modos de perceber a loucura por alunos e egressos do Curso de Graduação em Enfermagem: um estudo com o enfoque da Fenomenologia Social. Rev Bras Enferm, 60(1), 9-14. doi: 10.1590/S0034-71672007000100002

Figueiredo, L. C. (2004). Revisitando as psicologias: da epistemologia á ética das práticas e discursos psicológicos. Petrópolis, RJ: Vozes.

Fontes, M. R. M. (2010). A normalização da sociedade: uma questão de poder. Revista Inquietude, Goiânia, 1(1), 41-54. Recuperado de https://sites.google.com/heitorpagliaro.com/revistainquietude/edi%C3%A7%C3%B5es/2010-v-1-n-1

Foucault, M. (1972). História da Loucura. São Paulo, SP: Perspectiva.

Foucault, M. (1998). O nascimento da clínica (5a. ed.). Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária.

Foucault, M. (2003). A vida dos homens infames. In Foucault, M. (2003). Ditos e escritos IV: Estratégia, poder-saber (pp. 203-222). Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária.

Gil, A. C. (2008). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social (6a. ed.). São Paulo, SP: Atlas S. A.

Machado, R. (2007). Foucault, a ciência e o saber (3a. ed.). Rio de Janeiro, RJ: Zahar.

Nasi, C., & Schneider, J. F. (2011). O Centro de Atenção Psicossocial no cotidiano dos seus usuários. Rev Esc Enferm USP [online], 45(5), 1157-1163. doi: 10.1590/S0080-62342011000500018

Paty, M. (2003). A ciência e as idas e voltas do senso comum. Scientlae studia, 1(1), 9-26. doi: 10.1590/S1678-31662003000100002

Pelbart, P. P. (1989). A clausura do fora ao fora da clausura: loucura e desrazão. São Paulo, SP: Brasiliense.

Pereira, J. (1984). O que é Loucura. São Paulo, SP: Brasiliense.

Pizzani, L., Silva, R. C., Bello, S. F., & Hayashi, M. C. P. I. (2012). A arte da pesquisa bibliográfica na busca do conhecimento. Rev. Dig. Bibl. Ci. Inf., 10(1), 53-66. doi: 10.20396/rdbci.v10i1.1896

Prado, K. F., & Martins, S. (2007). A subjetividade como objeto da(s) Psicologia(s). Psicologia & Sociedade; 19(3), 14-19. doi: 10.1590/S0102-71822007000300003

Pussetti, C. (2006). A patologização da diversidade: Uma reflexão antropológica sobre a noção de culture-bound syndrome. Etnográfica, 10(1), 5-40. Recuperado de http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612006000100001&lng=pt&tlng=pt

Rother, E. (2007). Revisão Sistemática X Revisão Narrativa. Acta paul. enferm., 20(2), 1-2. doi: 10.1590/S0103-21002007000200001

Silva, T. L. G., Brunnet, A. E., Lindern, D., & Pizzinato, A. (2010). O normal e o patológico: contribuições para a discussão sobre o estudo da psicopatologia. Aletheia, 32, 195-197. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942010000200016&lng=pt&tlng=pt

Soares, L. S., Rodrigues, I. D. C. V., Martins, L. N., Silveira, F. D. R., & Figueiredo, M. L. F. (2013). Revisão de literatura: particularidades de cada tipo de estudo. Rev Enferm UFPI, 2(spe), 14-8. doi: 10.26694/reufpi.v2i5.1200

Souza, J. M. (1998). O senso comum e a vida cotidiana. Tempo soc. [online]. 10(1), 01-08. doi: 10.1590/S0103-20701998000100001

Yasui, S. (2006). Rupturas e encontros: desafios da Reforma Psiquiátrica Brasileira (Tese de doutorado, Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro). Recuperado de https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/4426/2/240.pdf

Downloads

Publicado

2021-01-05

Como Citar

Medeiros, N. M. de, & Pereira, F. de O. (2021). Visão crítica da história da loucura na formação em Psicologia. PSI UNISC, 5(1), 36-50. https://doi.org/10.17058/psiunisc.v5i1.14536

Edição

Seção

Artigos