Babado, gritaria e confusão: Cartografias de experiências “trans” em contextos de educação
DOI:
https://doi.org/10.17058/psiunisc.v7i2.18392Palavras-chave:
Transexualidade, Raça, Docentes, Psicologia, EscolaResumo
Este artigo nasce de um trabalho de conclusão de curso e trata-se de uma escrita que se propôs a acompanhar as experiências de professoras trans, em sua intersecção com as dimensões raça, gênero e sexualidade em escolas públicas de Porto Alegre e região metropolitana. O estudo teve como objetivo cartografar vivências e experiências de corpos trans, para além dos processos de vitimização, percebendo a potência dessas profissionais que a partir da “montagem” de seus corpos, entendidos como éticos, estéticos e políticos, tensionam lógicas cisheteronormativas instauradas na sociedade e nas instituições escolares. Participaram da pesquisa três professoras transexuais, sendo duas delas negras e uma branca, cujas identidades raciais foram fornecidas por autodeclaração. A coleta dos dados foi realizada a partir de entrevistas abertas que foram transcritas e analisadas à luz da escuta clínica e os resultados agrupados em três categorias: “babado”, “gritaria” e “confusão”. Os achados apontam para a necessidade de uma instituição escolar que não apenas aceite a diversidade, mas, a deseje e que sustente a alteridade. Esse estudo apoiou-se nos Estudos de Gênero e Sexualidade
Downloads
Referências
Akotirene, C. (2019). Interseccionalidade (1ª ed.). São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen.
Bento, B. (2006). A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual (1ª ed.). Salvador, BA: Editora Devires.
Bento, M. A. S. (2009). Branqueamento e branquitude no Brasil. In I. Carone (Org.), Psicologia Social do Racismo (1ª ed.). Petrópolis: Vozes.
Bortolini, A. (2011). Diversidade sexual e de gênero na escola. Revista Espaço Acadêmico, 123, 27-37.
Butler, J. (1993). Bodies that matter: on the discursive limits of ‘sex’. Routledge. https://doi.org/10.4324/9780203760079
Butler, J. (2003). Problemas de gênero: feminino e subversão da identidade (1ª ed.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Cazanatto, E., Martta, M. K., & Bisol, C. A. (2016). A escuta clínica psicanalítica em uma instituição pública: Construindo espaços. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(2). https://doi.org/10.1590/1982-3703000742014.
Carvalho, R. S., & Vargas J. R. (2010). O léxico da heterormatividade – Problematizando discursos de professores dos anos iniciais do ensino fundamental. Diásporas, Diversidades, Deslocamentos. Recuperado de http://www.fg2010.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1278282610_ARQUIVO_OLEXICODAHETERONORMATIVIDADE.RodrigoSaballaeJulianaVargas.pdf
Cava, P., Braga, P. de A. T., Neto, R. M., & Zanoli, V. (2022). Cisgênero e Cissexual. Revista Ñanduty, 10(16), 153–159. https://doi.org/10.30612/nty.v10i16.16771
César, M. R. A., Duarte, A. M., & Sierra, J. C. (2013). A estética da existência e as artes de viver: Michel Foucault e a crítica da noção de sujeito nos movimentos feministas, LGBT e na educação. Selected Works. Recuperado de https://www.semanticscholar.org/paper/A-est%C3%A9tica-da-exist%C3%AAncia-e-as-artes-de-viver%3A-e-a-e-Duarte-C%C3%A9sar/4538f86ec309a920c1386b7d1a2a8662de3d620b
Creswell, J. W. (2014). Investigação Qualitativa e Projeto de Pesquisa: escolhendo entre cinco abordagens (3ª ed.). Porto Alegre: Penso.
Crenshaw, K. (2002). Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, 10(1), 171-188. Recuperado de http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026x2002000100011&lng=pt&tlng=pt.
Dias, A. F., Carvalho, M. E., & Oliveira, D. A. (2016). Notas sobre o processo de inclusão/exclusão de uma professora transexual. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, 25(45), 145-158. https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.v25.n45.2291
Felipe, J., & Guizzo, S. (2022). “Minha mãe me vestiu de Batman, mas eu sou a Mulher Gato”: discussões sobre scripts de gênero, sexualidade e infâncias. In F. Seffner & J. Felipe (Orgs.), Educação, Gênero e Sexualidade: (im)pertinências (1ª ed.). Petrópolis: Vozes.
Ferreira, S. R. da S., & Natansohn, L. G. (2019). Objetos de aparecer e de desaparecer de Anastacia: diálogos sobre passabilidade trans* e o direito ao manejo dos próprios dados on-line a partir de um estudo de caso. Cadernos de Comunicação, 23(1). https://doi.org/10.5902/2316882X36709
Franco, N., & Cicillini, G. A. (2015). Professoras trans brasileiras em seu processo de escolarização. Estudos Feministas, 25(2), 325-346. https://doi.org/10.1590/0104-026X2015v23n2p325
Gomes, N. L. (2012). Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil, uma breve discussão. Recuperado de https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2017/03/Alguns-termos-e-conceitos-presentes-no-debate-sobre-Rela%C3%A7%C3%B5es-Raciais-no-Brasil-uma-breve-discuss%C3%A3o.pdf
Guattari, F., & Rolnik, S. (2000). Micropolíticas: cartografias do desejo (6ª ed.). Petrópolis: Vozes.
Jesus, J. G. (2015). Transfeminismo: teorias e práticas (2ª ed.). Penha, RJ: Metanoia.
Louro, G. L. (2008). O corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria quer (1ª ed.). Belo Horizonte: Autêntica.
Machado, D. O., Vasconcelos, M. F. F., & Melo, A. R. (2012). O corpo como fio condutor para ampliação da clínica. Polis e Psique, 2. https://doi.org/10.22456/2238-152X.40325
Passos, E., & Passos, R. B. (2015). In E. Passos, V. Kastrup & L. Escóssia (Org.), Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade (1ª ed.). Porto Alegre: Sulina.
Pontes, J. C., & Silva, C. G. (2017). Cisnormatividade e Passabilidade; deslocamentos e diferenças nas narrativas de pessoas trans. Periódicus, 8(1), 396-417. https://doi.org/10.9771/peri.v1i8.23211
Schucman, L. V. (2014). Branquitude: A identidade racial branca refletida em diversos olhares. In M. A. S. Bento (Org), Identidade, branquitude e negritude: contribuições para a psicologia social no Brasil (1ª ed.). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Seffner, F. (2012). Sigam-me os bons: apuros e aflições nos enfrentamentos ao regime da heteronormatividade no espaço escolar. Revista Educação e Pesquisa, 39(1), 145-159. doi.org/10.1590/S1517-97022013000100010.
Seffner, F., & Reidel, M. (2015). Professoras travestis e transexuais: saberes docentes e pedagogia do salto alto. Currículo sem Fronteiras, 15(2), 445-454. Recuperado de http://www.curriculosemfronteiras.org/vol15iss2articles/seffner-reidel.pdf
Soares, L. H. M., & Vale, R. A. L. (2017). Ela é amapô de carne, osso e palavras: personagens travestis no romance contemporâneo brasileiro. Revista Do Instituto De Políticas Públicas De Marília, 3(1), 79–96. https://doi.org/10.33027/2447-780X.2017.v3.n1.07.p79
Torres, M. A, Prado, M. A. (2014). Professoras transexuais e travestis no contexto escolar: entre estabelecidos e outsiders. Educação & Realidade, 39(1), 201-220. Recuperado de https://www.scielo.br/j/edreal/a/dbgdxx9V7QvJDKv3DXk84Kp/?format=pdf
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais e científicas desde que citada a fonte conforme a licença CC-BY da Creative Commons.